quarta-feira, janeiro 25, 2006

memória curta

Portugal é um país cheio de qualidades mas com um grande defeito: os portugueses.
Só assim se explica que 10 anos depois, o mesmo povo desmemoriado volte a eleger quem lhe fez tanto mal. É o grande amor que temos pelos ditadores. O povo português está cheio de saudades do Salazar e como o botas já a bateu, elegem o seu clone algarvio.

Eu por mim, apetece-me emigar para um país mais civilizado. Talvez o Burkina Faso.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Aos novos velhos amigos

Não queria começar este "post" com um lugar comum, mas, às vezes, é impossível evitar por isso, lá vai: A vida é uma montanha russa.

O ano de 2005 foi um ano especial porque (re)reencontrei (e não, não é erro, ela percebe), alguém que em tempos me marcou de forma muito significativa.

O reencontro foi atribulado, afinal, foram 15 anos e quando ela desapareceu do meu mapa (literalmente, pois sei agora que a moça esteve na Escócia, imagine-se), era pouco mais que uma criança com muita coisa para resolver e muito para crescer. Felizmente, o (re)reencontro foi mais suave. Ok, também teve algumas particularidades estranhas, mas também este ponto terá de ficar para uma qualquer biografia não autorizada :)

O certo é que hoje creio que posso dizer com alguma segurança que agora que os nossos caminhos se voltaram a cruzar, nunca mais vou permitir que ela desapareça assim do meu mapa. Até porque o meu mapa, assim como eu, cresceu significativamente.

Outra pessoa que reentrou no meu quotidiano também é um (re)reencontro. Este camarada, cúmplice, sacana, salafrário, judeu, amigo, irmão, também resolveu sair do meu mapa geográfico e foi para, imagine-se, Cabo Verde, mais precisamente para a ilha do Sal.

O reencontro foi inesquecível. Estava este vosso amigo em "stress" a tentar convencer um recepcionista de hotel a deixar-me usar a linha de fax para enviar um serviço, quando percebi uma figura sinistra que estava refastelada num sofá do "lobby". E só me apercebi da sua presença quando a dita personagem se levantou e se dirigiu para mium com um ar esgazeado. Não distingui imediatamente a sua identidade por tão improvável que seria a coincidência. Improvável mas possível. Era o dito salafrário! Abraços para aqui e gargalhadas para acolá, muitas perguntas depois percebi que o bandido estava a trabalhar em Cabo Verde, numa empresa de aluguer de automóveis. Perfeitamente instalado e adaptado.

Trocámos endereços de e-mail e a coisa ficou por aí. Só que há dois dias por outra coincidência recebi um e-mail do meu amigo. Está vivo, de boa saúde e respeitavelmente instalado, ainda, no Sal. Diz que só vem a Portugal entre Maio e Outubro, que o resto do ano na pátria lhe parece a Sibéria. De resto, continua o mesmo.

15 anos. 15 anos não são nada.

Com tudo isto, há uma frase que me martela insistentemente na cabeça: Afinal, há coisas que nunca mudam. Mesmo.

segunda-feira, janeiro 02, 2006

Ano Novo

Mastigadas as passas, emborcado o champanhe, vieram os abraços e os beijos. Acabou 2005, vem aí 2006.

Sensação estranha esta, a de parar para pensar. Estes truques do calendário fazem-nos cair na tentação de traçar objectivos e balanços. Como foi o ano que passou, o que esperamos para o ano que acaba de nascer.

Para 2006, apenas a certeza de que terei de ser operado. Nada de grave, mas muito chato. Sobre 2005, muita coisa. É normal ter mais a dizer sobre o passado do que sobre o futuro, é por isso que os velhos têm sempre muitas histórias.

2005 foi um ano muito bom: o primeiro ano de independência na minha casa; um ano de sucesso profissional, em que vi crescer um projecto editorial de grande pujança e que tenho o orgulho de integrar; um ano cheio de amor e amizade, em que reencontrei velhos amigos, em que conheci outros, em que percebi que outros ainda não o eram e que não merecia a pena lutar por quem não se mexe por nós; um ano de boas e más notícias; o ano em que comecei a entrever um bem-estar que há muito procuro.

Para 2006, bem, vou ser operado. Já sei que estou a ser chato e irritantemente medricas mas o que é que querem? É a única certeza para 2006 e, isso sim, é irritante.