terça-feira, outubro 28, 2008

Imposto




O post anterior foi estranhamente premonitório. Depois do cagaço que apanhei ao ver-me sozinho num mar além dos meus limites, eis que voltei ao local do crime e percebi, dolorosamente, que o problema não eram os meus limites mas uma má conjugação de factores: uma maré demasiado cheia para fazer umas ondas decentes, o primeiro dia de um swell invernoso e a inquietação culpada de estar a violar uma regra básica dos desportos de mar: "Não entrarás na água sozinho".

Depois de alguns dias a entrar nesse mesmo "spot" com companhia (de amigos e, não só, já que no fim-de-semana vi muito mais gente do que seria desejável..) eis que aconteceu um dia memorável: arranquei um par de manobras com as quais ando a lutar há algum tempo, e embora ainda não saiam fluidas e nem sequer sempre saiam quando quero, desta vez, saíram.

Mas, uma coisa que aprendemos desde cedo é que tudo tem um preço ou, como dizem os outros, "there is no such thing as a free lunch". A maré encheu muito, os fundos naquela praia estavam a fazer um quebra-coco violento e eis que, tentando terminar uma onda demasiado perto da areia... bem, digamos que a minha cabeça se ia abrindo como um melão. Hoje estou com a cara mais inchada e negra do que a foto que acompanha este post documenta, dói-me o pescoço e as costas que é uma coisa parva, mas sabem que mais? O Inverno está aí e eu já passei para o outro lado do medo: estou preparado. Basta apenas dar um pouco de sangue ao mar. Chamemos-lhe imposto.