quarta-feira, março 26, 2008

Pelos Cães

Vamos fazer qualquer coisa contra a eugenia canina enquanto os fascistas não fazem o mesmo connosco.

http://www.peloscaes.org/

domingo, março 23, 2008

Paris:Luce vers Tenebrae



Se não contarmos com as escalas no Charles de Gaulle, esta é a quarta vez que estou em Paris. Paris…
Só o nome faz ressoar uma escala de referências literárias, cinematográficas, plásticas. Como uma escala numa espécie de teclado de piano civilizacional. Porque se Nova Iorque é a Roma da actualidade e Roma é a Roma de sempre... Paris é Paris.
É a cidade com que o Mundo sonha quando sonha. Não são os cafés de esquina -- tão “charmant”, não acha querida? -- não são as lojas, os museus, as pernas das parisienses, emblematicamente quase sempre magras e despidas, mesmo no Inverno (Bem-vindo milagre de nylon, as meias de senhora…)

Não, também não são os monumentos esmagadores, as grandes avenidas ou, por harmonioso contraste, os bairros históricos dos artistas e das prostitutas que os alimentavam e nutriam, sim, que são coisas bem diferentes. Afinal, o seio que beijamos também é a mama que nos dá o leite. É tudo uma questão de perspectiva.

Ah, essas maravilhosas ruelas tão estreitas, recurvas e misteriosas como os caprichos das mulheres. Bem, pelo menos de algumas que conheci…

Não e sim. Paris é tudo isso, mas também é tão mais que isso, bolas.
Paris é sempre a primeira vez que cá passamos. Quando somos jovens, embora já não inocentes. Quando insistimos naquelas parvoíces que se fazem quando vivemos o sonho dos outros: Lanchamos nas esplanadas dos tais cafés de esquina, perdemo-nos em Montparnasse, visitamos a Defence e a Bastilha, Notre Dame, o Quartier Latin e claro, a senhora de toda a cidade, a Torre Eiffel. Lá está ela, ponta-de-lança, literalmente, de uma tecnologia que hoje não é mais que arte em ferro e até romance.

Mas o que não é romance em Paris?

Subimos ao cimo da torre a pé, pelo menos a parte que é permitida sem recorrer ao elevador, entupido por intermináveis filas de turistas americanos e espanhóis e italianos e portugueses e…não, nós? Não, somos jovens, estamos apaixonados e não somos como ninguém, não é?
Lembras-te como chorei quando pensei que o “puto” não ia ver aquilo nunca? Que era dono do Mundo e nunca tinha sequer vindo a Paris? Pensando bem, deve ter sido das últimas vezes que consegui chorar. Já lá vão quase 10 anos. Merda, como o tempo passa.
Menos para Paris. A cidade Luz…pois.
Uma Luz fria como o Inverno que resiste lá fora. Acho que ninguém lhe explicou que aqui em França a Primavera também começa dia 21 de Março.

Nunca fui grande adepto da Luz. Vá, piadas clubísticas aqui não…
A verdade é que a escuridão era mais o meu género. Aquela que me escondia debaixo da cama ou a que vertia para o papel nos meus tempos de adolescente. A idade do armário…pois…sempre achei que devia ser rebaptizada como a idade da gaveta, pelo menos para todos aqueles, e não são assim tão poucos, que guardam papéis rabiscados nas gavetas. Escuras, claro.

Tão escuras como os cabelos da minha mãe. Ela tinha longos cabelos negros que lhe davam pelas costas.
Agora, o cabelo é mais curto e apesar de algum, pouco, esforço, e muita tinta, percebe-se que já estaria raiado de branco. A escuridão agora é lá dentro. Mas não é uma escuridão protectora: é açambarcadora, sufocante, que engoliu a minha mãe com ela. Desde que o “puto” partiu.

Que diabo, quem diria que uma viagem do café para casa, ainda por cima de mota, que é um veículo tão ágil, haveria de demorar 10 anos?

Raios te partam.Tenho saudades.

A verdade é que esta é a minha quarta vez em Paris e percebo que cada vez gosto mais…de Roma. É mais quente, mais aconchegante. E quanto à luz? Os ocres das paredes das casas romanas valem bem as luzes de Paris. A única cor que bate isso é a de Lisboa quando passamos o Tejo de barco. Mas depois chegamos ao Cais do Sodré e o rosa-azul-dourado (à falta de melhor descrição) transforma-se noutros tons bem menos poéticos. Mas, enfim, é o amor-ódio que caracteriza todos os portugueses pelo que é deles.

E eu, em algumas coisas, sou muito português.

sexta-feira, março 14, 2008

Cães danados



Começo por confessar que votei no PS nas últimas eleições legislativas.

Ok, arrumada essa questão, deixem-me ARRASAR esses fascistas de merda!

Então, agora querem proibir a importação, criação e posse de 7 raças perigosas de cães. A saber, o cão de fila brasileiro, o Pit Bull Terrier, o Staffordshire Terrier, o Rotweiller, o dogue argentino, o bull terrier e o Tosa Inu.

Três palavras: mas estão malucos?!

O que é isso de raças perigosas? Porque são maiores e têm uma dentada mais forte? Um Labrador poode ser tão perigoso como um Rotweiller se for treinado para isso. Aliás, há poucos cães com temperamento tão equilibrado como o Rottweiller.

Costumo dizer que não há cães perigosos, há donos perigosos. Mesmo uma arma de fogo só mata se apertarem o gatilho. É pá, e nenhum cão é uma arma. É-o tanto como um carro. Se atirar um automóvel contra alguém...

Estas raças têm todas grandes qualidades físicas, temperamentos valentes e fidelidade ao dono. Tão fiéis que se o dito dono for (esse sim) uma besta eles não percebem. Também há o dono fraco que não se sabe impor ao cão e isso também é uma fonte de problemas.
Em suma, se não tens mãos para um carro rápido, compra um Polo 1.2 (private joke).

O grande (único) problema são os donos. Porque, infelizmente, 90% das pessoas que compram um pitbull ou um Rotweiller têm graves problemas de afirmação (ou uma pila pequena) e compensam com o animal. Os cães são o espelho do dono, pela raça que o dono escolhe e pela própria socialização do animal. Um dono tímido tem um cão tímido um dono afável e sociável tem um cão com as mesmas características, etc.

E nem me ponham a falar dos fdp que se metem nas lutas de cães e criam verdadeiros criminosos de 4 patas.

Agora se vamos pelas "raças perigosas"...daqui a anos vamos estar a falar de "racismo" animal.

Post Scriptum (por razões óbvias nem uso a abreviatura desta expressão): O PS também quer proibir os piercings na língua...a seguir, quem sabe, definir o que fazemos oiuo não na cama e com quem. Porque não?

Post Scriptum 2: a foto que ilustra este post é de um perigosíssimo Rottweiler. Agora somos todos obrigados a ter Golden Retrievers e Cocker Spaniels.

E dizem-se socialistas??? Foda-se, agora percebo porque é que o Cavaco curte estes gajos.

quinta-feira, março 13, 2008

Um mini clube



A primeira vez, até pensei que fosse coincidência. Mas seria? Haveria outro mini azul e branco perto da minha casa com quem o gajo me confundisse? Mas à segunda vez não havia dúvidas.

Aconteceu-me duas vezes ao sair de casa cruzar-me com um mini preto que de ambas as vezes me saudou com os máximos. A minha reacção foi sempre a mesma: perplexo com o gesto, apenas acenei a cabeça, tentando perceber se o conhecia de algum lado.

O facto é que não. O tipo estava a saudar um tipo que, como ele, tomou a opção apaixonada (leia-se irracional) de comprar um mini.

Adoro o meu carro, mas reconheço que é uma escolha pouco lógica. Senta quatro pessoas (à frente tem espaço em barda mas os passageiros atrás não podem ter mais de 1'75 se não ficam um pouco desconfortáveis), e a bagageira é excelente para levar um saco de viagem. Ponto.

De resto, anda muito bem (0 aos 100km em 9,9s 190km/h velocidade de ponta anunciada, embora já tenha dado 185 km/h e com muita rotação para dar na 6ª...) arruma-se bem, é seguro, dá um gozo do caraças de conduzir (curva que é um sonho) e, porque não dizê-lo, é lindo.

Mas agora, começo a perceber que mais do que um carro comprei um bilhete para um clube. É que por ser um carro pouco racional...até porque não é barato...há poucos, e os donos partilham um sentimento de solidariedade ou, porque não dizê-lo, fraternidade. Como se a nossa opção de veículo nos distinguisse do resto do mundo.

Enfim, da próxima vez, respondo-lhe com máximos também. Afinal, nós dos minis temos que ser uns para os outros.

quarta-feira, março 12, 2008

Can I Play With Madness?

Can I?

Sonhar

Boa pergunta

Alguém tenta responder?

segunda-feira, março 10, 2008

Fuga

Às vezes fugir é não sair do mesmo sítio.

domingo, março 09, 2008

Estou grávido


E que tal se eu largasse este engano que todos os dias me engana? Que tal se me despedisse, largasse tudo, refugiasse num buraco cheio de luz e sal e escrevesse o livro de que estou grávido? Sim, porque estou grávido e ando a matar a minha criança todos os dias. Aos bocadinhos.

É uma criança belíssima de feia e grotesca de bela. É ensurdecedora e silenciosa, ofuscante de escuridão. É sangue e tripas, penas de anjo e bolas de sabão; é lágrimas e saliva misturadas numa taça de vinho amargo de saudade e dulcérrimo de amor.

Quero abrir o peito e deixá-la sair pelas bocas dos meus dedos. Como um coro.

E que tal? Que achas?

Há monstros entre nós


"Os dois homens terão actuado de cara descoberta tanto no homicídio de Alexandra Neno como no de Diogo Ferreira, ambos mortos com a mesma arma mas em zonas distantes nos arredores de Lisboa e com quatro horas de intervalo."

Correio da Manhã, 08 Março

quarta-feira, março 05, 2008

Para a Xana

Descansa em paz.

domingo, março 02, 2008

sábado, março 01, 2008

Náusea

Quando me disseram que a esposa do Fernando Santos da SportTV foi morta a tiro, fiquei chocado.

Quando percebi que tinha sido na terra onde nasci e vivi durante 30 anos, num sítio onde passo quase diariamente, fiquei siderado.

Quando me disseram que a "Alexandra Santos" era da UAL, fiquei assustado.

Quando me explicaram que tinham morto a Alexandra Neno, a Xana...

Há dias em que me revolta já não ter lágrimas, apenas uma náusea doentia.