sexta-feira, setembro 05, 2008

Onde estás, Alexandre?




Macedónia. O nome faz ressoar memórias dos livros de História. Pátria de Filipe e do célebre rebento: Alexandre. Um jovem rebelde e ambicioso sanguinário que ficou para a eternidade como o Grande.

Estes macedónios, filhos da antiga Jugoslávia nada têm a ver com o povo grego que deu à luz Alexandre. Estes são uma mistura de albaneses, kosovares, ciganos, turcos e outras etnias mais obscuras.

A paisagem urbana mais parecida que já vi com isto foi em Cabo Verde. Basta substituir o ocre luminoso e árido por um cinza sujo. É, de resto, o mesmo cinzento que me impressionou em Pozeravac, há uns anos. Falo de uma terrazinha sinistra na Sérvia. O berço de Slobodan Milosevic, imagine-se. Pois, mas este cinzento é menos puro e sinistro. É só sujo.

Na verdade esta Macedónia é um pouco uma fraude. Uma terra de gente sem terra que procura na figura do conquistador uma figura que os agregue, como Tito fez com a Jugoslávia. Não sei se será possível unir esta gente. Aliás, não sei se isto é uma nação. Não, são muitas enroladas numa bandeira e num nome: Alexandre.

Esta é a minha segunda noite aqui em Skopje e agradeço o facto de amanhã ser a última. Depois seguem-se Riga e Talin´. Letónia e Estónia, respectivamente. Dizem que Riga é uma cidade bonita: o património é rico w as mulheres acariciam a vista...mas também dizem que é a capital europeia dos homicídios.

Não me parece que alguém me queira tratar da saúde. Na verdade, medo, medo, só da porcaria dos aviões. É que quanto mais voo mais sinto que ando a desafiar as estatísticas. A ver vamos...

Bem, estou a cair de sono. Uma página já lá está e a cerveja macedónia já me pesa no estômago. Já não tenho entranhas para a bebida. Ou para quase nada.

Vou dormir. Ou tentar. A porcaria do pretenso ar condicionado faz um barulho comparável a uma velha asmática. Bem, pelo menos, não me sinto só.

Boa noite, a próxima entrada será na Letónia. Assim o avião o permita.