quarta-feira, março 30, 2005

Escravatura e máscaras de argila

Descansem as mulheres. A igualdade chegou. A parte final do século XIX e todo o século passado foram feitos pela luta das mulheres pela igualdade. Hoje, finalmente, a guerra está a ser ganha.

A ideia bateu-me como um martelo quando dei por mim a ler uma série de folhetos subordinados ao tema da cosmética masculina. Biotherme, Nickel, Lab Series, Clarins, Shiseido, enfim, uma bateria de nomes que entram assim de rompante no meu quotidiano. Eles são os esfoliantes, os hidratantes, os anti-rugas, os cremes de dia, os cremes de noite, e, a minha favorita, a máscara de argila.

Agora sim, estou-me a ver a aspirar a casa, de roupão, num sábado de manhã e com uma máscara de argila no focinho. Só me lembro do teledisco dos Queen.

É verdade que a necessidade é a mãe da invenção, mas o que se passa com este fenómeno é a criação de necessidades. Que homem (ou mulher) precisa de tanta coisa para se sentir bem e saudável? Já para não falar na tanga dos cremes para "adelgaçar a cintura". Pelo amor de Deus! Passei anos a gozar com os cremes anti-celulite das mulheres, um mito para obrigar as senhoras a gastar dinheiro, sem qualquer retorno. E agora querem impingir-nos essas coisas? Valha-nos Deus!

Bem, ao cabo de tanta leitura, fiquei na mesma. O problema é que, de manhã, quando desço no elevador, olho para o espelho e dou por mim a olhar para as linhas dos cantos dos olhos.

Enfim, como as gajas.