sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Em memória de outros dias

Porque tenho pensado muito em dias mais inocentes e no seu fim, aqui fica alguém que canta a morte da inocência muito melhor do que eu...

Indecente (parte 2)

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

God is a trickster



Quantos mais anos passo neste berlinde azul mais me convenço que Deus é (também) uma criança traquina.

terça-feira, fevereiro 24, 2009

Indecente



Pornografia: 1. representação de elementos de cariz sexual explícito, sobretudo quando considerados obscenos, em textos, fotografias, publicações, filmes, ou outros suportes

2. produção de filmes, revistas ou outros elementos de cariz sexual explícito, considerada como uma indústria

in "Dicionário da Língua Portuguesa" da Porto Editora

Como havemos de descrever um país em que a cultura é tida como obscena? Em que a arte é confundida com pornografia? Em que a polícia apreende livros, talvez para os queimar como os bombeiros de Fahrenheit 451, de Ray Bradbury...

O quadro "Origem do Mundo", reproduzido na capa do livro "pornocracia", ontem apreendido pela PSP de Braga, está patente nessa sede de pornografia mundialmente conhecida, o museu D'Orsay. Uma casa de vício e porcaria que se ergue em Paris, essa Sodoma moderna.

Aparentemente, o argumento que levou à retirada do livro foi o de que a obra estava exposta numa feira do livro, na qual, imagine-se, havia crianças. Pobres crianças, expostas àquelas coxas nuas e aquele sexo cabeludo e nojento. As pobrezinhas que há tão pouco tempo foram de lá cuspidas no meio de sangue e líquido amniótico e dor e lágrimas e esperança.

Pornografia. Sexo. Amor. Arte.

Merda de país e a sua obscenidade. Obscenos são vocês anti-despenalização do aborto, anti-casamento homossexual, anti-adopção por casais do mesmo sexo, anti-eutanásia, anti-sexo, anti-tudo.

Viva a pornografia nas paredes dos museus.


PS: Fica aqui a "Origem do Mundo". Agora prendam-me. Estarei em casa. Nú.

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Dias de chuva





Estou farto de chuva. A rotina nos primeiros 15 dias consista em levantar-me, arrastar-me para o computador, ver as previsões. Excepto nos dias em que ouvia chover tanto que me virava para o outro lado e dormia. A partir do 20º dia, nem me levantava. Ja tinha visto as previsões na véspera e eram daquelas que não deixavam margem para dúvidas: não surfas. Ou pior, não surfas esta semana nem te sei dizer quando voltarás a apanhar uma onda.

Mas existe uma razão para tudo. A vida de um ser humano é tão curta que tudo acaba, forçosamente, por encaixar. Acredito cada vez mais nisto.

É certo que a chuva me estragou o acto de apanhar ondas, para já, mas não o acto de surfar. Porque surfar é, na sua essência, explorar o meio, colocares-te no local exacto no timing preciso e aproveitar algo que te transcende mas que ganha novo significado contigo.

Foi o que fiz.

A intranquilidade e a fome acordaram-me. Despertaram-me de uma letargia em que estava mergulhado há meses. Não, há anos.

Fez-me procurar algo maior que eu e...atirar-me.

Porque uma onda que passa vazia é uma oportunidade desperdiçada. Mas uma onda que se aproveita e se explora transforma-se em algo mais: é surf.

É vida.

E a minha vai começar novos capítulos.

Em breve...