segunda-feira, julho 11, 2005

(Des)equilíbrios

As férias acabaram. Uma constatação por demais evidente quando te vês reintegrado na monótona procissão rodoviária até à capital.

Enquanto percorria a Segunda Circular, instalado na minha modesta carripana, fui fazendo contas às tarefas que tinha pela frente: esgalhar um artigo sobre a campanha portuguesa de qualificação para o Mundial de voleibol; digerir mais algumas ideias de trabalho, limpar a minha caixa de e-mail e, já agora, acabar com o meu blogue.

Pois é. A verdade é que nunca me senti muito à vontade em despir-me em público. Algo que se tem tornado cada vez mais penoso nos últimos tempos.

Também nunca fui gajo para perder o meu precioso tempo a dedilhar banalidades em cima de generalidades. Se, aqui e ali, o fiz o peço desculpa.

E se digo que me tenho despido em público, a verdade é que este "público" são amigos, conhecidos e alguns estranhos.

O problema é que na vida tudo muda e essas categorias são tudo menos fixas.

Aquele a quem hoje chamas amigo, pode muito bem ser um estranho. Ou então gostarias que fosse. A verdade é que de conhecido, és obrigado a perceber, tem muito pouco.

Tudo isto gira à volta de um conceito escorregadio: o equilíbrio. Palavra que sugere estabilidade, solidez, equidade, a verdade é que, na vida, e no que às pessoas diz respeito, o equilíbrio é tudo menos sólido, mas antes fluido, adaptável.

E é na falta dessa adaptabilidade, que surgem os desequilíbrios. Desequilíbrios de quem não se adapta, de quem não vive bem com a mudança. Porque não tem capacidade, ou coragem, para o fazer.

Confesso que também padeço, por vezes, desse mal. Às vezes desculpo-me com essa deficiência com as circunstâncias atribuladas da minha vida. Mas também quem se pode gabar de ter uma vida fácil? Acho que ninguém.

Assim, bem ou mal, com muitos trambolhões, cabeçadas e hesitações, tiros no pé e muitas segundas oportunidades e ajudas, lá fui levando a água ao meu moinho. Como toda a gente. Ou não?

Uma das razões que me levam a considerar encerrar aqui esta participação virtual, talvez mesmo a mais forte, é perceber que aquilo que deveria ser um espaço de reflexão, de troca de ideias e até, porque não, de tentativas mais ou menos conseguidas de fazer literatura, está a transformar-se numa praça de troca, não de ideias, mas de insultos, de recadinhos (e o diminuitivo refere-se à mesquinhez dos textos e seus autores, e porque não, à menoridade intelectual) e mal destiladas invejas.

Não quero entrar nesse jogo. Não vou entrar nesse jogo. Não tenho feitio nem paciência.

Esta página está com a cabeça no cepo. Como a minha paciência.