quarta-feira, dezembro 28, 2005

Tumor

Tumor. A palavra é assustadora porque de tantas vezes ter sido utilizada como um eufemismo para cancro, acabou por lhe ficar umbilicalmente ligada.

Pois, mas a verdade é que tenho um. Um tumor. As palavras do dentista deixaram-me num transe meio pânico mas rapidamente explicou que não havia indícios de malignidade. Ou seja, nada aponta para que seja, pois, cancro.

Mas assusta.

Dizem agora que tenho que fazer uma operação em São José. Coisa com anestesia geral. "Implica abrir-lhe o palato e extrair a massa, o quisto"...pois, o tumor.

Assusta, pois assusta.

O médico diz que não corro risco significativo mas que terei mesmo de tratar isto o mais rapidamente possível. Diz para não me preocupar muito, mas para me preocupar. E estou preocupado.

Estou muito preocupado.

Que o pós-operatório será complicado, com 15 dias de "muito mal-estar", o que traduzindo quer dizer dor severa e dificuldades em alimentar-me, que só poderei "comer caldos e alimentos moles". Mas, sinceramente, nem me importo. Quero esta massa fora do meu corpo, este...tumor.

Confesso: estou com medo. Rio, brinco com isto mas estou com medo. "Não há sinais de malignidade." Uma única frase que me dá segurança, mesmo contra a que a completou: "Mas só teremos a certeza absoluta quando abrirmos." Pois...medo.

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Luce vers Tenebrae

Uma carta que não chega (sim, porque ainda há quem escreva cartas), uma foto que assombra uma casa, uma memória que escorre pelos recantos da alma.

O velho inimigo assume muitas formas e tem muitas caras. É por isso que nos apanha quase sempre quando não estamos preparados, quando não dá jeito, quando o seu potencial para nos virar a vida do avesso é maior.

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Ídolos com pés de ouro

Portugal parou de boca aberta quando, na quarta-feira passada, Cristiano Ronaldo ergueu bem alto o ded
o médio da mão direita, em direcção aos adeptos que o assobiavam.

Muita gente ficou espantada. Mas perguntol porquê? Houve quem dissesse que se "se consegue tirar o homem das barracas, não se espere que se consiga tirar as barracas do homem". Não vou por aí.

O problema é que quando falamos de futebolistas deste nível falamos, na maior parte das vezes (Rui, és uma brilhante excepção), falamos de jovens com etapas de crescimento obliteradas, com dinheiro a mais, educação a menos e egos sobredesenvolvidos.

Espera-se que estes jovens sejam exemplos de conduta, exemplos de sucesso. Porquê? Porque são excelentes a jogar futebol. Mas mais uma vez a amnésia ataca. São excelentes apenas a jogar futebol. Só isso. Não são ídolos com pés de barro mas ídolos de barro com pés de ouro.

PS: Já agora, um dia destes hei-de vos contar a história de um desses milionários da bola que pediu um portátil de míseros 2500 euros para dar uma entrevista. Não vos digo quem é, apenas que é o mesmo tipo que quando ainda viajava de avião de carreira levava a própria mãe em classe económica, enquanto o próprio viajava confortavelmente instalado em executiva.