sábado, maio 17, 2008

Revoluç(ões)




Às vezes, na vida, é preciso ir pelo caminho menos percorrido. Para o bem e para o mal, acho que não sei fazer as coisas de outra maneira...

Mas hoje quero celebrar a diferença. E faço-o através de um símbolo de diferença por excelência: com o meu novo MAC. É verdade, ao cabo de não sei quantos anos às cabeçadas com os produtos do senhor Bill Gates, resolvi, finalmente, dar uma hipótese à concorrência. Lá está, o caminho menos percorrido. E sabem que mais? Grande jogada. O sistema operativo é limpinho, facílimo de manejar, a máquina é excelente, rápida e....convenhamos, não magoa a vista.

Nesta altura, o verdadeiro motivo por trás deste post já está a gozar, a dizer que admito que só comprei um Macintosh porque são bonitos. É verdade. Mas não o objecto em si, é o conceito: a simplicidade. Mais: a liberdade.

E é de liberdade que, afinal, quero falar. Hoje, o meu amigo F deu o salto. Porque nunca se sabe quem vai ler isto, o meu amigo terá de ser só "F".

O meu amigo é um puto. Sim, é bem mais novo que eu, aí uns 6 anos, se não me falham as contas... Bolas, o meu irmão, o meu puto, seria bem mais velho que ele. Caraças, como o tempo passa...

A referência ao meu mano não é descabida. Acho que o que me fez ganhar amizade tão forte e tão rápida ao meu amigo F é que ele, em tanta coisa, é muito parecido com o meu irmão. E, depois, em tantas outras, tem muito a ver comigo.

Lembro-me de quando era bem menino estar a falar com o meu irmão e, constatando o quão diferentes éramos (tão óbvio que era difícil não o perceber), lhe ter dito que se houvesse uma maneira de nos fundirmos num só ser, esse gajo seria perfeito. Ok, ok, o que querem?...é a parvoíce natural da infância.

Na verdade, era a maneira de dizer ao meu irmão que o invejava. Ele tinha a irreverência, a força e a coragem que ainda hoje estou começar a conquistar.

Soube depois, tarde de mais, que o meu irmão também retribuía a minha admiração. Ao mexer nas suas gavetas à procura de documentos para a agência funerária encontrei a primeira peça assinada no Record, dobrada em quatro, escondida como um tesouro.

Mas estou a perder demasiado tempo a falar do meu assunto favorito: eu mesmo :)

Quero falar do meu amigo F. Mas quando falo do meu irmão também estou a falar de F. Porque em F vejo o Mário. A sua irreverência explosiva, o seu senso de humor cáustico, e sobretudo a forma algo absurda que ele tem de me tentar proteger dos meus próprios erros.

Tal como o Mário, F tem a dificuldade extrema de perceber que, de alguma maneira, através da minha loucura, eu arranjo sempre maneira de me safar. Aliás, ele sabe que sou um sobrevivente.

Tal como o Mário, F também tem pouca paciência para as minhas crises existenciais, sobretudo numa altura em que fazem cada vez menos sentido.

Mas, tal como Mário, também com ele percebo a amizade que corre debaixo do fogo de artifício.

Hoje, F fez uma revolução. F está livre, abriu asas e vai voar alto. Tenho a certeza. Porque tem qualidade e uma falta de humildade própria dos heróis da pena.

Não vou cometer o erro de esperar demasiado para to dizer: tenho orgulho em chamar-te meu amigo e espero que um dia, daqui a uns anos, me deixes chamar-te irmão.

Porque, às vezes, ir pelo caminho menos percorrido faz toda a diferença.