terça-feira, outubro 19, 2004

O Mundo ao contrário

Confesso que nem sou um fã por aí além de Xutos&Pontapés, mas mesmo assim peço-lhes emprestado o título. O mundo está mesmo ao contrário. Cheguei agora de uma reportagem aos Algarves e pelo caminho vinha a ouvir uma notícia que dava conta do interesse de alguns países voltarem a apostar na energia nuclear.

Quer dizer, numa altura em que o petróleo atinge preços brutais e em que se deveria, finalmente, começar a reconverter a indústria e a produção de energia para as fontes ecológicas renováveis, eis que querem voltar ao urânio. Boa, boa, os terroristas agradecem, pois onde é que iam buscar material para bombas? Quanto mais urânio enriquecido houver à solta em países como a China, Coreia(s), Japão e África do Sul, mais fácil é apanhar algum e enfiá-lo na baixa de Nova Iorque, ou Washington ou Londres ou onde lhes apeteça.

Isto para não falar nas questões mais óbvias como as ambientais. Remember Chernobyl? As crianças com malformações e as famílias dos mortos de cancro e leucemia ou os doentes que ainda hoje padecem, lembram-se de certeza.

Um mundo ao contrário é também aquele em que as mães esuartejam crianças no Algarve, em que se morre ou é condenado a morrer no Sudão por não se pertencer à etnia "correcta", ou em que um primeiro-ministro não eleito governa um país que pretensamente integrou o clube das democracias há 30 anos.

Mas o mundo esteve sempre ao contrário. Só assim faz sentido que cá estejamos: para o endireitar, ou morrer tentando. Entretanto, ouvimos Xutos e concordamos.