sexta-feira, maio 29, 2009

Convite

Os mais corajosos ou entediados sigam por aqui

quinta-feira, abril 16, 2009

Interruptor




Comecei este blogue em 2004. Parece que foi ontem mas, vendo bem, foi há muito tempo. Cronologicamente menos do que tudo o resto. Muita coisa mudou nestes 5 anos, mas podia ter mudado mais. Parte de mim queria que tivesse mudado muito mais.

E infelizmente, este blogue também mudou. Estive a ler os primeiros posts e eram escritos com a certeza arrogante de um jovem que sabe que tem tudo a ganhar. Modéstia à parte, os textos eram engraçados, sombrios, irónicos, mas sempre apetitosos. Ou quase sempre, vá, concedam-me essa.

Mas isso mudou. A falta de vontade de escrever ou a falta de coisas para dizer, coisas com valor, com substância, tem predominado, como se algo se tivesse esvaziado, e eu acho que sei o que foi.

Estou a ficar velho, estou a ficar com medo. Em 2004 tinha tudo a ganhar porque não tinha nada a perder. Não há coragem maior do que aquela que nasce do vazio. O desespero pode também ser pai da esperança mas esta acaba por dar à luz expectativas e estas trazem consigo o medo. Medo de falhar.

Estarei a falhar? Estará a chama a apagar-se? Já não sinto o animal dentro de mim. A dor parece, finalmente, ter sido aplacada. Os fantasmas do passado já não me perseguem e estou livre das agulhas, das pancadas, das noites de terror. Sim, ainda me lembro do cheiro das flores e da carne em rápida decomposição. Sim, ainda me lembro do frio da mesa de autópsias, da costura a lamber-lhe a base do pescoço e a esconder-se debaixo do lençol, numa promessa inominável; lembro-me dos gritos, do bafo a álcool, das ameaças, da chantagem, da droga, do suicídio, do medo, da impotência, do escuro.

Lembro-me das trevas. Tenebrae.

E lembro-me da luz. Luce.

Este espaço ajudou-me a encontrar o equilíbrio entre umas e outra. Acho.

Sempre fui e sempre serei, como todos nós, fundamentalmente humano, uma dança de cinzentos mais claros ou mais escuros... uma meada em permanente fiação. Até ao fim.

Confesso que quando comecei a escrever este post não sabia ainda se seria o último. Apetece-me que seja. Não sei se consigo acabar com isto, accionar o interruptor num sentido ou noutro e acabar com a indefinição.

Vamos deixar isto assim, suspenso, entre luzes e trevas. Um dia os meus filhos, se por aí vierem, saberão apreciar qual dos lados ganhou. Eu apostaria num empate, mas eles terão uma opinião diferente.

É impossível enganar os nossos filhos.

quarta-feira, abril 08, 2009

Brilhante

quinta-feira, abril 02, 2009

Para o tio Darwin

terça-feira, março 31, 2009

Músicas com que cresci (vol1/ep.6)

Ah, e entretanto, estes senhores não me saíam do rádio-gravador. Não havia dinheiro para aparelhagens lá em casa, mas havia "alta-fidelidade" às guitarras.


segunda-feira, março 30, 2009

Acto de contrição

Peço desculpa por alguma vez ter dito mal dos hamburgers e da "fast food" em geral.

sábado, março 28, 2009

Afasta de mim essa Taça

Estou feliz. A sério. Afinal, vivemos num oásis muito mais soalheiro e acolhedor do que aquele de que o então primeiro-ministro Cavaco Silva falava nos anos 90. Sim, só pode ser. Afinal, que outra justificação poderá haver para que se abram telejornais consecutivamente, dia após dia, horário nobre atrás de horário nobre, com a Taça da Liga, um troféu que é, afinal, o terceiro mais importante da hierarquia das provas nacionais?

Sim, afinal as outras notícias, as que falam de um aumento do desemprego, da falência de empresas de referência ou do aumento da criminalidade devem ser, claramente, exageros de alguma comunicação social alimentada pelas forças de desestabilização, sejam elas fascistas, comunistas ou marcianas. Deve ser tudo ficção, qualquer coisa ao nível dos homenzinhos verdes. E não, não estou a falar do Sporting.

Alguém ainda se lembra quem ganhou a Taça da Liga do ano passado? E isso interessa? Pois, porque foi o Vitória de Setúbal. Mas, desculpem, não quero falar de futebol. Não que se tenha falado de futebol, antes pelo contrário.

Porque afinal, no meio desta orgia de patetices com que temos sido confrontados nos últimos dias, com as repetições constantes da tal mão que não foi mão, com as realidades virtuais, os pedidos de desculpa que não foram pedidos de desculpa, os roubos e os assaltos, acho que as maiores vítimas não foram só os sportinguistas. Não, as vítimas foram os do Sporting, os do Benfica, do FC Porto, do Belenenses, do Vitória de Setúbal, do Braga, do Guimarães, que diabo!, As vítimas fomos todos nós.

Estamos todos a ser vítimas de um truque de magia, ilusionismo do melhor gabarito, em que ofuscados por uma (pelos vistos inexistente) mão de um jogador do Sporting, não percebemos que nos estão a ir ao bolso. Estamos a perder os nossos empregos, a nossa segurança, a nossa inteligência e a nossa informação, afinal, a única arma válida em democracia, em troca de uma Taça que há dois anos nem sequer existia.

Gostaria que Portugal fosse o tal oásis. Sinceramente. Mas assim, de oásis, a única semelhança parecem ser as bananeiras.

Texto publicado em www.record.pt sob o título "truque de magia" na rubrica de opinião "Linha direta" (sim, direta e não directa :P)