segunda-feira, outubro 10, 2005

Chuva na Frente Oriental

O dia nasceu chuvoso, talvez para limpar a merda que atingiu as nortenhas Gondomar, Felgueiras e a solarenga Oeiras. Em dias como este, acordo com a declarada esperança que a água que cai em barda seja suficiente. Mas nunca é.

Da madeira e ar das colunas da aparelhagem, a guitarra de Jack Johnson materializa-se e deambula sem destino pelas paredes do apartamento, colorindo-as de azul marinho.

Saio da janela e troco a água que cai lá fora pela água quente do chuveiro. Respiro o vapor e o cheiro a lençóis mornos que abandona de mansinho a minha pele.

Pequeno-almoço tomado, hora higiénica no ginásio cumprida e preparo a saída: tiro as peças da armadura têxtil com que vou atacar o dragão quotidiano, recolho as chaves de casa, as chaves do carro, o comando da garagem, o telemóvel, a caneta, os óculos escuros...a parafernália de objectos com que tenho de me armar e saio para a batalha. Para a chuva que não vai limpar tanto esterco.

Já perto do trabalho, o habitual exame dos jornais revela que tudo está na mesma no país. Tudo na mesma na Frente Oriental. E a Leste do Paraíso também.