terça-feira, novembro 30, 2004

Viva a Democracia!

quinta-feira, novembro 18, 2004

Intimidade e sim, ovos mexidos

Temos medo. O sexo, mais conhecido nestas páginas como "ovos mexidos" (ver "post" com o mesmo título) é bom. Afirmação pouco polémica. Tão pouco que a sabedoria "hollywoodesca" já a sintetizou: "Sexo é como pizza: mesmo quando é mau, é bom".

Então não é de sexo que temos medo. Ok, concedo que até haja quem tenha medo de sexo, mas isso é uma questão dos que ainda não o começaram e dos que estão com medo que acabe. Coisas do tempo. Daquele que temos e do que ainda nos resta, dependendo da perspectiva.

Mas no meio, entre os inícios e os finalmentes, há os entretantos, os dos ovos mexidos. E é aí que entra o outro medo, o egoísta: medo da intimidade.

O segredo do bom sexo (dizem, que eu não percebo nada disso) é o esquecimento, a anulação da consciência. Esquecermo-nos de quem somos perante outra pessoa; esquecer o pudor, a inadequação. E aí as hormonas ajudam.

O problema é quando passa a "magia" química: nús, umas vezes em cama alheia, outras com alguém que, vendo bem, é praticamente um estranho, estamos paradoxalmente sós.

Lembro-me da história de um amigo que percebeu a real dimensão do erro quando depois de uma noite tórrida, a parceira de idílio erótico o convidou para o seu duche. O problema foi que ele estava urinando e a moça entra casa de banho adentro, sem respeito por aquele momento...íntimo.

Pois é: intimidade. É esse o cerne do problema. É que, nestes dias de propaganda generalizada, de corpos perfeitos enlaçados, o sexo não é, não pode ser, a medida da intimidade.

A intimidade faz-se na partilha de coisas simples mas secretas. É deixar entrar outrém no pequeno e secreto espaço em que nos habituámos a viver. E não é fácil. Para muitos de nós, o proverbial armário onde guardamos os "esqueletos", ou a partilha de uma casa de banho, não é tarefa simples. E é aí, nesse tão menosprezado campo de batalha que se ganham ou perdem relações.

Formulado de maneira sintética: "Posso ir contigo para a cama mas, por favor, não me vejas mijar."

Amén

quarta-feira, novembro 10, 2004

Silêncio de ouro

Parado para obras. Deixei passar as eleições presidenciais norte-americanas, os desvarios governativos do túnel do Rossio, da anunciada taxa para a entrada de automóveis em Lisboa, até do real peso da (alegada) redução das taxas do IRS.

Tudo porque estou em obras.

Quando as coisas mudam bruscamente e o meu mundo parece virado de pernas para o ar (ou finalmente deixa de estar), então mais vale parar para pensar. A palavra pode, de facto, ser de prata. Mas, amigos, em "certas e determinadas situações"...o silêncio é mesmo de ouro.

terça-feira, novembro 02, 2004

Fidel de bolso

Em resposta ao amigo que se insurge contra a minha caracterização da Madeira:

O estilo, em política, é indissociável da sua práxis. E se o estilo de Alberto João é "latino-americano", caro amigo, por sua vez reconhecerá que a política betoneira da "obra feita", tão ao gosto da era cavaquista, não faz mais que esconder as profundíssimas assimetrias de uma ilha dividida entre o Funchal turístico e a "paisagem".

Meu caro, numa coisa eu lhe concedo razão: as falhas da Madeira não serão assim tão diferentes daquelas que todos os dias assinalamos no resto do nosso país, o problema é que a sua insularidade acentua esses problemas. O resto é problema dessa mesma insularidade especial, estimulada por um governo trauliteiro, caricatura de fontismo e cavaquismo. Um regime que parece querer ter pouco de democrático na sua obsessão em dificultar o trabalho dos "patetas da comunicação social do continente".

Quanto ao facto de não terem sido detectadas ou denunciadas fraudes eleitorais, devo dizer que a manipulação de um boletim de voto não é a única forma de viciar umas eleições. Se o meu amigo, como tudo indica, é madeirense, saberá melhor do que eu o que é o caciquismo, já para não falar na demagogia populista e caceteira.

Entretanto, das conversas que tive com alguns madeiren ses sobre o assunto, é voz corrente e crença comum que existe de facto "algo estranho" nas recorrentes reeleições de Alberto João Jardim. Conversas não passam disso mesmo e à falta de provas não lhes posso atribuir grande importância, mas que não deixam de ser sintomáticas.

Em suma, caro amigo, sei que estamos em posições inconciliáveis. Concedo que talvez o povo da Madeira não tenha grandes alternativas ao "Fidel de bolso" Jardim, mas a escolha de um homem que promove o culto da personalidade, do "regionalismo" quase racista (e nesse campeonato também temos o Pinto da Costa) e que capitaliza votos a partir da ignorância de um povo dividido por profundas fracturas soció-económicas, não o dignifica em nada.

E mais uma coisa quanto à obra feita: Tem qualquer coisa de edipiano o "lobbying" feito pelo "presidente da Madeira" (conforme dizia esta semana uma responsável do PSD num lapso inconsciente muito interessante), para conseguir boas fatias do OE e depois apelidar a esmagadora maioria dos portugueses, os que vivem no continente paterno e lhe pagam "a obra feita" com os seus impostos, de cubanos. Mas para um Fidel de bolso o que mais poderíamos esperar?