sábado, janeiro 31, 2009

The power of love

quarta-feira, janeiro 28, 2009

He's back

sexta-feira, janeiro 23, 2009

Alma

Sede

Ontem deitei-me tarde. Às 4 da manhã. Nada que não faça parte de uma rotina antiga, afinal, sou e serei sempre um animal nocturno. Mas desde há algum tempo já, tornou-se pouco habitual. Ao ponto de os meus hábitos noctívagos não serem agora mais do que uma irritante insónia.

Não conseguia dormir. Passei um par de horas a vaguear na net e no Itunes à procura de algo, de uma música. De um som que me fizesse sentir algo de que estava a precisar. Algo indefinido. Até que percebi. Não ia encontrar ali o que preciso. O que preciso é de água.

A música de que sinto falta é o rugir do animal, a forma como anuncia a sua presença quando ainda estamos na face errada da última duna, subindo ao topo para olhar para o seu terrível focinho. Sinto falta do mar.

Não há som como aquele. É uma trovoada que vai e vem como música, com um ritmo vivo, sanguíneo. E depois, tenho falta de tudo o resto. Do vento, da luz. Porque ali são diferentes. Ali, onde o vosso mundo acaba e o mundo d'Ele começa.

Sinto falta do sal na pele, da areia no cabelo, do arrepio da água que entra em fio pelas brechas do fato quando furas uma onda com o corpo. É uma carícia fria como a morte mas que te faz sentir mais vivo. Porque só assim sentes o calor do teu corpo, só assim ganhas consciência do que és. Do teu contorno.

Sinto falta da velocidade.

Sinto falta do som que se ouve quando deslizas na parede de uma onda.

Sinto falta de a ver empinar-se à minha frente como uma coisa viva, que ameaça fechar-te a passagem, envolver-te.
Que ameaça envolver-te? Que promete envolver-te, para depois deixar-te escapar por entre os seus dedos espumosos.

Sinto falta de ver as gaivotas passarem em voo rasante ao meu lado, como se quisessem brincar comigo ou contar-me o seu segredo.

Sinto falta de ter medo.

Sinto falta de ultrapassar o medo e sentir-me, porra, nem que seja por um segundo, parte daquele magnífico animal frio e líquido e verde e azul e branco e cinzento e castanho e negro.

Sinto falta de ser atirado pelo ar como se fosse um brinquedo com que aquela criança-gigante se diverte.

Sinto falta do silêncio borbulhante e do vazio.

Sinto falta de respirar. De sair debaixo daquele abraço pesado e sair para respirar. Sair disparado das entranhas húmidas e respirar. Como se fosse a primeira vez. Como se nascesse.

Sinto falta de pisar terra firme. Exausto.

Sinto falta de olhar para trás e despedir-me com os olhos. E de receber um beijo de sol, abrasador, ou frio e tímido, conforme a estação.

Sinto falta do banho quente que me devolve a vida quando regresso ao vosso mundo. Ao meu mundo.

Sinto falta de ter mais sal no corpo do que nos olhos. Não posso chorar um mar. Já há anos que não consigo chorar nem um fio. O meu mar cá dentro secou.

Tenho sede.

quinta-feira, janeiro 22, 2009

É hoje





Conhecem aquele slogan criado para colorir uma campanha publicitária de café? "Um dia largo tudo. O dia é hoje"? Ok, estou a ser pouco rigoroso na reprodução, mas a essência repousa nestas duas palavras: "É hoje".

Brincar com as palavras começou naturalmente comigo. Não sei se não terá precedido a apreendida habilidade de juntar letras em palavras e palavras em frases. Aquela ferramenta que nos dão na escola, para uns servirá para pouco mais do que preencher o nome em formulários e cheques; mas existem outros, aqueles que em vez de pintar paredes de casas, pintam quadros. Que usam as palavras como cimento e tijolos com os quais estruturam o seu próprio mundo. E depois, há os outros: os que usam as palavras para construir o seu mundo e o mundo dos outros.

Durante anos, ouvi gente querida dizer-me que pertencia à terceira espécie. Durante anos, por medo, preferi negar que tivessem razão. Porque queria que tivessem.

Durante anos, tive vergonha de assumir que queria, de facto, escrever. Depois, achei que o jornalismo era a porta de entrada para essa paixão. E assim fui-me enganando durante mais ou menos uma década.

Bem, o engano termina agora. Mais ou menos. Ainda não vou parir o tal romance, mas vou aproveitar algumas lições do operariado das letras para me colocar o tal desafio. Vou escrever um livro.

O projecto ainda depende de alguns pormenores. Ok, porMAIORES. Mas a vontade está lá. O animal está solto. E ninguém o vai parar sob pena de me devorar a mim.

Ou seja... "O dia é Hoje!"

PS: O facto de a besta estar na água não é por acaso ;)

terça-feira, janeiro 20, 2009

The great black hope

Hoje faz-se História. Mas, mais que isso, cultiva-se esperança. Para já, fica isto. Vou ver a tomada de posse.

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Porra, isto é bonito

quarta-feira, janeiro 14, 2009

O jogo da bola





Não é difícil perceber. O desportista fanático, viciado em ginásios, ex-praticante de desportos de combate, estudioso da nutrição e bodyboarder apaixonado, era o puto gordo lá da rua.

A viagem de memória não tem sido difícil nos últimos dias. O grupo de miúdos amontoados no meio da praceta e dois dos melhores jogadores de bola, os líderes da pandilha, a escolherem as equipas para um dos muitos desafios do fim-de-semana. Primeiro eram escolhidos os mais habilidosos, depois, os que da última vez se tinham portado melhor. E a escolha ia avançando... Eu, o puto gordo já sabia: ou era escolhido para a baliza porque mais ninguém queria desempenhar o ingrato papel ou, pura e simplesmente, como até nem era o dono da bola, ficava de fora.

Doía ficar de fora, assistir à diversão dos outros como se fosse minha. Às vezes, numa demonstração de falta de fair play, simplesmente abandonava a praceta e ia para casa ver as séries da tarde ou ler um livro. Triste.

Sim, doía ficar de fora. Mas o que doía mais era o processo de selecção, o sentimento de inferioridade e rejeição que ficava no final. Um travo amargo que me marcou com raiva e injustiça para a vida.

Afinal, eu sabia que não jogava nada à bola e que era o gordo da rua.

Mas se nunca jogava, nunca ficaria magro nem mais habilidoso. Enfim, vinguei-me mais tarde, mas quase sempre em desportos individuais, vá-se lá perceber porquê.

Mas pensei que a rejeição e o complexo de inferioridade da escolha das equipas ficasse para trás. Enterrada numa infância que será recordada como, juro, muito mais infeliz do que a dos meus filhos.

E, afinal, estava enganado. O sentimento voltou, a escolha voltou. E logo numa área em que sei que, não sendo o mais popular, sou dos mais habilidosos "da minha rua". Não entendo. O jogo da bola está a começar e mesmo que fique de fora, eu vou jogar.

Sozinho, como sempre. Mas este jogo não vou perder. Eu vou mostrar-lhes.

terça-feira, janeiro 13, 2009

sexta-feira, janeiro 09, 2009

Por ti

Porque esta música me lembrou de ti.

Porque toda a tua vida foi uma luta.

Porque toda a tua vida lutaste contra o mais difícil adversário: tu mesmo.

Porque esta música me lembra que a única diferença entre nós é que fui poupado dessa luta.

Porque esta música me lembrou de ti. De ti viciado, deformado, rejeitado, renegado.

E lembrou-me que há anos que não chorava por ti.

Viciado, deformado, rejeitado, renegado.

Amado, chorado.

Dívida paga.

segunda-feira, janeiro 05, 2009