Antes que alguém queira corrigir, eu antecipo: o sumo é só para homens. E ainda bem.
Mas eu explico. À beira dos 30 anos comprei uma prancha. Ontem, na companhia de dois amigos fiz-me ao mar em Carcavelos. Entrei com alguma relutância, a água não é das mais limpas. Mas entrei.
Depois de alguma luta para passar a rebentação, habitual em quem ainda não domina a técnica de "mergulho de pato" e que, portanto, é sistematicamente empurrado pela rebentação de volta à praia, tive a minha recompensa. O mar estava pintado daquele verde-cinza profundo que oscila até ao azul-cobalto. As ondas rareavam mas eram cheias. E algumas, de quando em quando, eram mesmo poderosas.
Estava a falar com um dos meus amigos quando fui surpreendido por uma dessas raras preciosidades: uma parede com franja branca de espuma e uma boca cavernosa. Disse "até já" aos meus parceiros e comecei a remar. A sensação foi a do costume: incrível.
Uma força viva e imensa que pega em nós como um palito de gelado. Mas errei. A trajectória não foi a melhor e passei do topo do edífício para a barriga do monstro. Fui engolido. A prancha puxava para um lado, enquanto as pernas eram empurradas em direcções opostas, dobradas em ângulos impossíveis.
Felizmente, sempre me senti à vontade na água e não entro em pânico. Basta suster o fôlego e esperar que o urso verde se canse de brincar connosco. Subi para respirar e vi que estava à beira da praia. A sensação é de exaustão. Vista "a posteriori" é como fazer amor com uma lutadora de sumo: ora estás em cima e seguro, ou estás dentro e debaixo, quase sufocado naquela enorme massa.
Ah, sim, voltei a remar de volta mas ontem não voltei a apanhar outra onda assim.
domingo, março 20, 2005
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1 comentário:
Gostei.
Um pouco japonês demais mas gostei
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