domingo, outubro 14, 2007

Tempo para respirar


Peço desculpa mas, para os mais distraídos, chegou o vento Leste...

segunda-feira, outubro 08, 2007

Pois, exactamente como Beverly Hills


Um amigo meu ( e sei que esta é uma expressão que tem o seu quê de pleonástico, mas faz sentido poético) teve uma gripe. Uma mística doença que o levou a fazer aquilo que chamo arqueologia das gavetas, e que descobertas ele fez!

Aparentemente, foi dar com cartas e mais do que isso, memórias, de tempos idos, os dos primeiros anos de faculdade, em que essa histórias dos e-mails era para ricos que tinham essa misteriosa internet em casa (os telemóveis estavam também a começar a aparecer em força). Sim, eram os primeiros anos da década de 90. Eu disse arqueologia, não foi?

Ora, passando os olhos por essas ditas cartas, muitas vezes, como ele diz, entregues em mão, porque faziam sentido não pela distância física, mas pela proximidade espiritual que permitiam, ele recordou. E escrevendo sobre isso, fez-me recordar também.

Escreve, com uma lucidez que nos vai sendo rara (sobretudo nele ;) ), que dizia, então que a amizade daquele grupo era como a de "Beverly Hills", numa referência à série norte-americana "Beverly Hills 90210" , pelo menos, acho que era esse o código postal...

Meu amigo, a razão pela qual não guardo mais do que recordações dessa época, é por que as tuas palavras foram exactas e proféticas. Afinal, não é por coincidência que na foto que colocaste no teu "post", não está lá a minha grata figura. É que como na tal série, havia amizades, mas também romances, traições e sim, até os maus da fita...

Tenho penaa que tudo tenha terminado assim (pelo menos para alguns), porque guardo muitas e gratas recordações desses tempos. E até as más foram marcantes e produtivas. Foram anos intensos e marcantes. Por tudo o que se passou dentro mas também, e sobretudo, fora do grupo.

Cresci. Crescemos todos. Mas as minhas gavetas estão vazias, amigo, tenho muito mais para lá meter. No Futuro.

sábado, setembro 15, 2007

Honestidade


Diz-se que o valor de um bem é inversamente proporcional à sua abundância. Detesto economia mas não deixo de reconhecer a inteligência desta regra. O meu único consolo é pensar, perdão, saber, que uma verdade tão indiscutível deve ter precedido a invenção da troca de bens da mesma maneira que o Homem precedeu o cidadão.


A prova que esta regra é universal e fundamental é que tal se aplica a mais que valores materiais.


Vejam a Honestidade. É com caixa alta mesmo. A Honestidade é preciosa. E rara.


Tenho uma amiga que é minha Amiga, ainda hoje, numa altura em que muitos outros já se ficaram pelo caminho, precisamente porque consegue ser honesta. Honesta até à brutalidade. Às vezes exagera, mas só porque acredita naquilo que diz, e quando honesto, até o erro se perdoa.


Gosto dela e invejo-a precisamente porque consegue ser honesta. Porque eu não consigo.


Poderia dizer que tem a ver com a minha complexa personalidade, com as proverbiais camadas de cebola que envolvem o meu precioso mal tratado ego.


Não. Não sou honesto porque sou fraco. Porque tenho medo de ficar só. Porque preciso de quem me estenda a mão ou, pura e simplesmente, esteja. Que não me deixe só no quarto escuro em que entrei e de onde tenho medo de sair se não a espaços, como um insecto que não pode estar demasiado tempo fora da toca sob pena de secar e arder.


Tenho inveja da minha amiga. Invejo-a pela sua força. Não aquela que persigo nos ferros que levanto fechado no ginásio. Não é a força da carne mas a que está debaixo e além desta.


No fundo sou fraco. Triste e enganadoramente fraco. Porque gostaria de ser honesto. Honestamente fraco em vez de debilmente honesto.

terça-feira, setembro 11, 2007

9/11

Porque às vezes as palavras são ridículas

domingo, setembro 09, 2007

Carta aberta à RTP*

Quero apenas manifestar a minha profunda revolta, e vergonha, pela profunda falta de critério, ignorância e até falta de patriotismo de uma empresa que eu e todos os portugueses financiamos. Assisto, neste momento, aos primeiros momentos do Portugal-Escócia, primeiro encontro da selecção nacional PORTUGUESA (o termo deve ser-vos familiar poprque faz parte do nome da empresa que todos os anos me leva parte dos impostos e que também deveria ser a minha) no Mundial de râguebi. O maior evento desportivo do ano e que foi olimpicamente ignorado pela televisão pública. Infelizmente, há apenas duas coisas que posso fazer: manifestar o meu profundo desagrado e legítima indignação e dessintonizar a RTP da minha televisão. O primeiro passo está tomado e o segundo terá de esperar pelo final do jogo.

Cumprimentos

* Nota: Cópia de um e-mail dirigido à empresa

sábado, setembro 08, 2007

Produção? LOL

Para um amigo meu que gosta imenso de músicas "com produção". Discordamos muitas vezes, mas desta vez vais ter de me dar a palma: uma voz, uma guitarra e percussão. Poderoso

sexta-feira, setembro 07, 2007

Um documento

Heranças

Tinha para aí 12 ou 13 anos quando ouvi falar de Luciano Pavarotti pela primeira vez. Uma dádiva (mais uma) do meu padrinho para a minha educação. O meu padrinho foi uma espécie de pai intelectual para mim, muito porque, ansioso pela sua aprovação, andava a ouvir música clássica, com o esforço de um adolescente orfão que queria que gostassem dele.

Um esforço que me revelou aquela voz possante e figura simpática mas, mais do que isso, alguns dos mais preciosos tesouros da música (clássica e não só).

O meu padrinho morreu, mas deixou-me muita coisa. Deixou-me livros, discos, uma cultura geral. Agora foi a vez de Pavarotti, mas tal como o meu padrinho, ele também nos deixa a sua voz...e a emoção.

domingo, setembro 02, 2007

Vrummmmmmm!!!!


Sem comentários. Estou apaixonado.

sábado, setembro 01, 2007

Como Cristo


Diga trinta-e-três. Trinta e três anos. Como é possível?! Bem, deve ser. Por enquanto, sinto-me bem longe da velhice mas é curios0 que só agora que chego à idade de Cristo sinto a cruz tão mais distante.

quarta-feira, agosto 22, 2007

English rose


A natureza humana tem destas coisas: passei a semana em Inglaterra, stressado, a escrever coisas que, sinceramente, já nem me lembro. Diariamente travando um duelo silencioso com o portátil que às vezes parecia olhar para mim, reclamando a minha atenção, como um pequeno ditador, silenciosamente sentado nas várias secretárias dos vários quartos de hotel por onde passei.

Pouco olhei para a paisagem, pouco apreciei esta oportunidade de viajar por um país estrangeiro, de beber a experiência. E é, agora, nas últimas horas, cruzando a verde e chuvosa paisagem de um Agosto que não o é (pelo menos para mim, que me redescubro latino e amante do tempo quente…quem diria), que os dedos me escorregam para o teclado. Finalmente, como uma prostituta que não sendo obrigada pelo dever profissional, redescobre o prazer e o amor.

Hoje em dia já não acontece frequentemente, escrever por prazer, quero dizer… o facto de passar a vida a escrever o que os outros querem acaba por ter esse efeito. Esquecemo-nos do que queremos, nós próprios dizer.
Não sei o que foi que me fez abrir o computador para brincar agora com as letras. Talvez o encanto de uma viagem de comboio pela verde ilha inglesa, o facto de não ter de trabalhar hoje, a perspectiva do regresso a casa ou a cara de anjo desta criança inglesa que está sentada à minha frente.

“Anjo”. Pois. Sou vítima dos arquétipos que me impingem desde puto. Uma lindíssima menina inglesa: não deve ter mais de 14 anos e prepara-se para aquela que é, provavelmente, a sua primeira viagem sozinha. A mãe esperou fora do comboio até ela partir, visivelmente ansiosa e preocupada com a aventura. E o facto de ter dois estrangeiros (sim, não enganamos) sentados à frente do seu tesouro não ajuda. Dois tipos de pele escura (é a primeira vez que me sinto escuro) e barba de três dias não é uma visão tranquilizadora.

Voltemos à criança. Gestos comoventemente inseguros levam-na a guardar os bilhetes de comboio e o passaporte num saquinho plástico. É magrinha como só as inglesas magras sabem ser. Está ainda à espera que as hormonas da adolescência façam a sua magia, mas adivinha-se que vai ser uma daquelas mulheres que provocará muitos torcicolos ao longo dos anos que aí vêm. Os nórdicos olhos azuis e os cabelos louros são mais ou menos vulgares por aqui, mas ela tem qualquer coisa de indefinível… Leva um coração de plástico multifacetado no fecho da mala, um amuleto de criança que um destes dias trocará por corações a sério.
Inocência, é isso. Já não me lembrava como era.
Não ajuda o facto de estar a ler uma revista cor-de-rosa com a curvilínea modelo Jordan na capa, nem as gomas que vai debicando. Quem sabe não se torna um daqueles hipopótamos louros que vi por cá. É impressionante a quantidade de mulheres obesas (e não digo gordinha, é obesa mesmo, na casa dos 100 kg) que andam por estas terras. Os genes britânicos parecem apontar para estruturas ósseas estreitas e longilíneas, mas a alimentação à americana anda a dar cabo deles.
Há outra hipótese: que se transforme numa daquelas desmioladas que também vi: bêbedas como cachos, em grupos de meia-dúzia, desfilando nas noites geladas e chuvosas de Agosto (não, não é engano) com mini-saias até ao pescoço e decotes até ao umbigo.
Espero que não. A imagem da miúda leva-me a outra que nos tem perseguido a todos. A de Madeleine McCann. Não, nem vou entrar por aí. Tenho uma opinião muito própria sobre o assunto e não me apetece sequer começar.

Vou apenas pensar que se as coisas fossem diferentes, esta podia ser a pequena Maddie daqui a uns anos, a viajar num comboio, sozinha, a caminho da idade adulta. Com um coração de plástico na mala e outro, que já foi menos plástico, escondido num peito estrangeiro à sua frente, atravessando a verde Inglaterra em cima de um risco de ferro.

quarta-feira, agosto 08, 2007

Como era mesmo aquele slogan...?


No início dos anos 90, quando me apercebi, tal como a esmagadora maioria dos miúdos da minha geração, que havia uns desportos que não metiam bola e se praticavam nas ondas, a brasileira Lightning Bolt lançava um "slogan" de sucesso: "Destrói as ondas não as praias".


Hoje, no Barbas, um dos meus "spots" de eleição nos dias que correm, essas sábias palavras de um qualquer genial publicitário surgiram na minha cabeça. Estava feliz da vida no pico à espera de umas ondas, quando vejo boiar à minha frente uma garrafa de detergente de lavar louça e outra, de cerveja, que boiava caprichosamente, de gargalo para cima, meio cheia de, suponho, água salgada.


O meu primeiro pensamento, confesso, foi de que a maldita garrafa de vidro podia facilmente partir a cabeça a algum incauto. Leia-se, a mim. Olhei à minha volta e percebi que nenhum dos cem (exagero literário, mas eram muitos) malucos que comigo partilhavam o pico nesta bela manhã de Agosto não desviava o olhar do horizonte, alheio aos objectos que, sinceramente, me estavam a estragar o idílio.


Colocou-se-me um dilema: Ou esquecer a cena e esperar que o mar arrastasse os objectos de forma inofensiva até à areia, ou agarrar na merda das garrafas, apanhar uma onda até à praia, fazer um "slalom" entre os quinhentos (ok, esta não é exagero) banhistas que povoavam o areal e depositar a dita merda das garrafas num contentor apropriado. Ah, sim, e depois remar os cerca de 250 metros contra a rebentação que me separavam do pico.


O dilema durou um minuto. Digamos que se, um dia destes, um amigo vosso vos disser que viu um gajo surgir do mar, empurrado por uma onda, com duas garrafas na mão, não se admirem. Era um anúncio da Lightning Bolt...


PS: Hoje na rádio ouvi que o golfinho branco chinês foi declarado extinto, vítima da poluição. Segundo o folclore local, estes graciosos mamíferos fluviais eram a reencarnação de princesas que se tinham afogado no rio. Os fósseis mais antigos desta espécie datam de há 30 milhões de anos. Habituem-se. A partir de agora, só os poderão ver como fósseis mesmo.

quinta-feira, agosto 02, 2007

Gone Bodyboarding

Só para ver se percebem :)

terça-feira, julho 31, 2007

Romance


Perguntaram-me se não era romântico. É claro que sou, acredito na perenidade do amor verdadeiro: O amor é mesmo eterno...enquanto dura. Porque o tempo é mesmo relativo.

sábado, julho 21, 2007

Sobreviver


O último grande cagaço da minha vida foram três. Não, não é engano, foram três ondas de set em cima dos cornos, na Praia Grande. A última das quais fez-me pensar que aquele era "o dia". Bem, desde aí, nunca mais consegui entrar na Praia Grande sem stressar. Mais, nunca mais consegui surfar lá como deve ser. E isto, num local que já me deu grande prazer em cima da prancha.


Pois bem, amanhã vou tentar novamente. Vai entrar um swell novo e espero que o vento ajude para a coisa estar ordenada. Se não, bem...a gente se vê.

segunda-feira, julho 16, 2007

Fraco


Há dias assim, em que o mundo parece demasiado pesado.

sexta-feira, junho 22, 2007

Mini-maxi-obsessão




Confesso: estou obcecado. Mas não faz mal, já está encomendado. Para gozar imensamente e sem preocupações. Mas só por alturas do meu aniversário. Uma bela prenda para mim próprio.

segunda-feira, junho 04, 2007

Voragem


E que fazer se um dia acordar com uma incontrolável necessidade de devorar o Mundo?

Dicionário de Sinónimos


Alegria: Ilusão; delírio; confusão; bebedeira

Beleza: Poesia; harmonia, licor; Verdade; Deus (o único); tu

(...)

Vida: Ruptura; desordem; vinho; oceano; pulsão; conflito

(...)

(...ver versão integral publicada pela editora "Já vos atendo um dia destes quando me reformar")

domingo, maio 27, 2007

É pá, porque sim


Gracias a la vida, que me ha dado tanto

Me dió dos luceros que cuando los abro

Perfecto distingo lo negro del blanco

Y en alto cielo su fondo estrellado

Y en las multitudes el hombre [mujer] que yo amo

Gracias a la vida, que me ha dado tanto

Me ha dado el oído, que en todo su ancho

Traba noche y dia grillos y canarios

Martirios, turbinas, ladridos, chubascos

Y la voz tan tierna de mi bien amado

Gracias a la vida, que me ha dado tanto

Me ha dado el sonido y el abecedario

Con él las palabras que pienso y declaro

Madre, amigo, hermano y luz alumbrando

La ruta del alma del que estoy amando

Gracias a la vida,que me ha dado tanto

Me ha dado la marcha de mis pies cansados

Con ellos anduve ciudades y charcos

Playas y desiertos, montañas y llanos

Y la casa tuya, tu calle y tu patio

Gracias a la vida, que me ha dado tanto

Me dió el corazón que agita su marco

Cuando miro el fruto del cerebro humano

Cuando miro el bueno tan lejos del malo

Cuando miro el fondo de tus ojos claros

Gracias a la vida, que me ha dado tanto

Me ha dado la risa y me ha dado el llanto

Así yo distingo dicha de quebranto

Los dos materiales que forman mi canto

Y el canto de ustedes que es el mismo canto

Y el canto de todos que es mi propio canto

Gracias a la vida

Violeta Parra, para ouvir.


E´pá, porque a vida pode ser uma lição dura, mas a alternativa é muito pior


É pá...porque sim