terça-feira, janeiro 08, 2008

Medo




Nunca primei pela coragem. Sou demasiado inteligente para ser corajoso. É-se herói muito mais facilmente quando se é, se não burro, pelo menos, inconsciente.

Nunca fui (assim tão) burro e fui atirado para as águas frias da consciência muito cedo.

A morte do meu irmão, a dois dias de eu fazer 25 anos, foi um episódio (re)fundador: ensinou-me o valor da vida e mostrou-me que morrer é fácil. Demasiado fácil.

A maior parte das pessoas passa pela maior parte da vida abençoado com a ignorância deste facto.

Desde que me dediquei à nobre arte de descer ondas (é a única referência), confrontei-me algumas vezes com situações limite. Houve mesmo uma vez em que pensei, mesmo, que ia morrer. O facto de ter tido tempo para pensar nisso debaixo de água diz muita coisa...

O medo pesa. Duplamente. Porque nos impele a viver mas, ao mesmo tempo, impede-nos de viver irreflectida e intensamente.

E esse é o seu paradoxo.

A vida seria muito mais simples se eu fosse burro.

3 comentários:

SGTZ disse...

Estou cada vez mais convencido que pensar é um castigo. Era mais fácil a vida se fossse levada sem pensar. Estupidamente encarrilado para qualquer coisa. Estamos de acordo.

Rita Delille disse...

não concordo. acho que é preciso ser inteligente para ter coragem. os "pobres de espírito" podem ter os reinos do céu mas não têm o prazer de viver. e coragem não significa necessariamente avançar-se para o abismo.

be wise ;)

Rita Delille disse...

a coragem tem mais a ver com o desejo de se ser feliz