terça-feira, julho 27, 2004

Saber viver

"Quando um homem sonha, o mundo pula e avança", escreveu um dia o poeta António Gedeão. Não é bem assim, pois o Mundo pula e avança quer sonhemos ou não. O que acontece é que as mudanças às vezes nos apanham a sonhar ou pura e simplesmente a dormir.
Vem isto a propósito da discussão entre dois velhos amigos, divididos entre dois lados de uma barricada que não é mais que a própria vida.
Não sou professor de ninguém , mas considero-me um bom aluno. E uma das razões que me fez bom aluno foi a capacidade de ouvir. Não trabalhava muito, mas ouvia. E sem ser professor, gostaria de dar um conselho: ouçam.

E ouçam a vida e um ao outro. A vida porque mudou. E um ao outro porque há sempre razões que a razão desconhece e a primeira luz surgiu quando alguém se lembrou de bater uma pedra na outra.

Mas, enfim, apenas um desabafo. Porque apesar de a vida me ter afastado qualquer coisa de um e muitíssimo do outro, creio que no meio da torrente heraclitiana que é a vida, em que coisa alguma é a mesma e na qual nunca há regressos, gosto de pensar que há uma ou outra coisa que, sendo mutáveis na forma, devem permanecer a mesma no conteúdo.  

Como eu. Como todos nós. Os anos passaram e mudámos todos; para o bem e para o mal. Mas sem sermos os mesmos, no fundo, ainda o somos.

 

4 comentários:

Firehawk disse...

Clap Clap
Clap
Clap
Clap
Clap
Clap

Achas que preciso de dizxer mais?

Anónimo disse...

Carlos,

Nunca pensei ler algo escrito por ti sobre este tipo de tema mas conseguiste surpreender-me pela positiva e na minha opinião o texto está fantástico! (Agora é a altura e em que tu acrescentas: "Eu sou sempre fantástico!! Não entendo a dúvida!")... mas sabes bem que nem sempre quem está à tua volta o diz... por isso achei que te devia dizer o que estou a pensar e relembrar que são nestes pequenos gestos que a vida ganha algum sentido....

jokas
Ana Abreu

Carlos disse...

Para veres o que às vezes nos enganamos sobre as pessoas. Um dos meus problemas é que finjo tão bem ser um pulha superficial que às vezes engano até quem não quero.

Anónimo disse...

A mim nunca me enganaste.