terça-feira, dezembro 30, 2008

Outros natais


O Natal é, desde há muitos anos, uma coisa triste para mim. Muito antes de ter perdido o meu irmão, o Natal já não era aquelas coisas. Quanto ao ano novo, idem. Nunca fui daqueles que pensa que só porque se muda um algarismo no calendário as coisas mudarão drasticamente. Já aprendi que as mudanças vêm de dentro e são ditadas por outros calendários, os do desejo, do sacrifício, ou do puro acaso.

Não que eu escape à habitual depressão da temporada mas, felizmente, este ano tem sido mais moderada. Afinal, a minha vida mudou muito nas últimas mudanças de algarismo.

Ainda assim, há nestas alturas a tentação de fazer balanços e fazer promessas.

Vou resistir o melhor que sei a um e a outro. Certezas só tenho uma: estou mais duro. Como se diz num blogue aqui ao lado, noutro contexto diferente, estou a ganhar Fundo de Pedra.

sábado, dezembro 13, 2008

Descobertas



quinta-feira, dezembro 11, 2008

Of light and darkness


Quando comecei este caleidoscópio da minha esquizofrenia, às vezes pesudo-literária, outras vezes apenas literal excremento, não precisei pensar muito no título: Luce Vers Tenebrae; Luzes e Trevas.

Não tem nada a ver com uma visão maniqueísta da vida, não, os 16 anos já passaram há muito e creio que mesmo nessa idade já via as coisas de forma mais complacente. Era uma criança velha que todos os anos parece ficar mais maravilhosamente imatura mas com a noção ue mais do que preto e branco, o mundo é pintado em infinitos matizes de cinza.

Não, este título tem mais a ver, fundamentalmente, com uma certa tendência maníaco-depressiva que sempre me caracterizou. De facto, parece que as desordens bipolares estao na moda. Um amigo meu teve esse diagnóstico há algum tempo e um dos meus bodyboarders favoritos sofre da mesma condição por isso até era adequado...

Mas quem me conhece sabe que há razões para pensar nisto. Antigamente pensava que os acessos de depressão se justificavam com os problemas familiares, com o crescimento, com a escola, o trabalho...

A verdade é que todos esses ficaram para trás e continuo sujeito a a reacções depressivas desproporcionadas. Por outro lado, há alturas em que entro num frenesim eufórico até ao ponto do aborrecimento. O que não seria mau se não fossem episódios seguidos por "ressacas" de tristeza e profunda insegurança.

Não estou a dizer que sofro de desordem bipolar, não, bolas. Falei em tendência. No máximo, um ligeiro desequilíbrio.

Mas, também, como costumava dizer mais frequentemente aqui há já uns bons anos: "Não conheço ninguém completamente normal e ainda bem, porque se existir gente normal devem ser cá uns chatos..."

segunda-feira, dezembro 01, 2008

Se eu pudesse...

"Se eu pudesse voltar à juventude, cometeria todos aqueles erros de novo. Só que mais cedo."

(Tallulah Bankhead)


BOOM/NMDtv Ep 2.05 Super Groms from Waldron Bros Production on Vimeo.

sábado, novembro 29, 2008

7ª arte

Há muito tempo que não tinha tanta vontade de ver um filme como tenho de ver este

"There's no devil...

...only god when it's drunk"

sexta-feira, novembro 28, 2008

I am a Rock

Começa assim o tema com o mesmo nome da autoria de Simon and Garfunkel.

As 10 anos, quando comecei a preparatória, não podia ser esse o meu lema. Era jovem e ainda não era rocha, era lava: quente, borbulhante sangue da terra. Nessa altura, o segundo verso seria mais apropriado: "I am an Island".

Porque foi mais ou menos assim que me descrevi quando me pediram, num qualquer teste vocacional ou psicotécnico, que descrevesse o que gostaria para o meu futuro. Aos 10 anos, algumas linhas depois de anunciar que ambicionava ser paleontólogo ou arqueólogo, expliquei que gostaria de viver numa ilha deserta.

Não é de admirar que a preocupada directora de turma tenha vindo falar comigo. Lembro-me disto como a primeira vez em que, olhando para aquele papel, tive de olhar também para dentro de mim e materializar o que queria, ou quem eu era.

Não, não era uma rocha, nem tão pouco uma ilha. Mas queria sê-lo. E ao mesmo tempo, queria sair da solidão em que me tinham encerrado, em que eu me tinha encerrado. Vivia num paradoxo entre querer estar sozinho e, ao mesmo tempo, querer, precisar, desesperadamente, ser amado.

Queria ser uma rocha ou uma ilha porque, como conclui Paul Simon nos últimos versos da canção, "and a rock feels no pain, and an island never cries."

Neste momento, estou a escrever estas linhas e acabar de beber o meu café. A seguir parto para Peniche para gastar algumas horas de luz da minha folga a surfar antes que chegue o maremoto que ameaça atingir a nossa costa este fim-de-semana.
As horas antes da tempestade. Às vezes parece que sempre estou à espera de uma tempestade. Para a enfrentar. Como uma rocha.

quarta-feira, novembro 26, 2008

terça-feira, novembro 18, 2008

A verdade por detrás da mentira

E eis, sem efeitos especiais, como é que eu parti a cabeça...

E o animal sou eu?

http://www.animalssavetheplanet.com

sábado, novembro 15, 2008

Uma pequena jóia

Um novo significado para "herói acidental"

É mais ou menos isto, mas muito mais do que isto

Roubei este anúncio ao blog "Ondas" porque, antes de mais nada, é um anúncio brilhante, e depois porque traduz...um bocadinho, o que se sente.


sexta-feira, novembro 14, 2008

Sol de inverno

Para afugentar a incerteza e a depressão, nada como a luz e o calor deste sol de inverno.

quarta-feira, novembro 05, 2008

terça-feira, novembro 04, 2008

Esperança

Obama pode ser bom de mais para ser verdade. Parte de mim desconfia, é certo. Mas o que ele representa não é dúbio nem falso. A esperança pode ser defraudada mas isso não é motivo para desistir da esperança. Porque o que resta é o desespero.

Há 8 anos dei por mim a tentar explicar a pessoas que não tinham a mínima noção do impacto que as eleições nos EUA têm nas nossas vidas, que "aquele nazi" não podia ganhar. Que caso isso acontecesse, não tinha sequer noção das consequências.

O gajo ganhou e se, nalguns aspectos, as consequências não foram tão desastrosas...bem, pensando bem, ate foram, só que de maneira diferente. O mundo mudou muito em 8 anos, mas numa coisa eu não me enganei: "aquele nazi" (devia ter dito "aquele imbecil") não devia ter ganho.

Esperemos que agora eu ainda esteja a torcer pelo lado certo (eu acredito que sim) e que ele ganhe.

Porque eu acredito.

segunda-feira, novembro 03, 2008

terça-feira, outubro 28, 2008

Imposto




O post anterior foi estranhamente premonitório. Depois do cagaço que apanhei ao ver-me sozinho num mar além dos meus limites, eis que voltei ao local do crime e percebi, dolorosamente, que o problema não eram os meus limites mas uma má conjugação de factores: uma maré demasiado cheia para fazer umas ondas decentes, o primeiro dia de um swell invernoso e a inquietação culpada de estar a violar uma regra básica dos desportos de mar: "Não entrarás na água sozinho".

Depois de alguns dias a entrar nesse mesmo "spot" com companhia (de amigos e, não só, já que no fim-de-semana vi muito mais gente do que seria desejável..) eis que aconteceu um dia memorável: arranquei um par de manobras com as quais ando a lutar há algum tempo, e embora ainda não saiam fluidas e nem sequer sempre saiam quando quero, desta vez, saíram.

Mas, uma coisa que aprendemos desde cedo é que tudo tem um preço ou, como dizem os outros, "there is no such thing as a free lunch". A maré encheu muito, os fundos naquela praia estavam a fazer um quebra-coco violento e eis que, tentando terminar uma onda demasiado perto da areia... bem, digamos que a minha cabeça se ia abrindo como um melão. Hoje estou com a cara mais inchada e negra do que a foto que acompanha este post documenta, dói-me o pescoço e as costas que é uma coisa parva, mas sabem que mais? O Inverno está aí e eu já passei para o outro lado do medo: estou preparado. Basta apenas dar um pouco de sangue ao mar. Chamemos-lhe imposto.

sexta-feira, outubro 24, 2008

Medo






O Inverno chegou. E o Inverno traz as boas ondas. Mas também traz as ondas demasiado grandes. E traz o medo.

Não gosto de me considerar uma pessoa medrosa, mas estou a chegar à conclusão que mais do que medroso, estou a tornar-me um cobarde.

Não tenho medo de estar com a cara a centímetros de uma serpente cuja dentada me pode matar em 2 horas e fotografá-la, mas tenho medo de me meter num avião comercial.

Não tenho medo de nadar no Nilo onde poderão haver crocodilos mas tenho medo de estar no mar com ondas de metrão (o que para o meu nível de experiência já devia ser mais ou menos tranquilo).

Então o que me mete medo? Já tentei descrever várias vezes como é levar com uma onda pesada. Braços e pernas para cada lado, como se fossem saltar fora, cambalhotas, sensação de descontrolo e falta de ar. Consigo nadar cerca de minuto e meio debaixo de água. Não é mau, tendo em conta que nunca treinei natação. E apresenta alguma garantia de sobrevivência já que uma onda de até dois metros obriga-te a estar menos que isso lá em baixo.

O problema é o pânico, o medo irracional e primário que nos rouba o ar num instante.

Sempre pensei que fosse medo de morrer. O acidente do meu irmão acordou-me para a minha mortalidade demasiado cedo. Mas agora começo a pensar que é outra coisa. É medo da falta de controlo. Medo de não dominar uma situação ou de não ter as ferramentas para a controlar.

No mar, tento apetrechar-me com o melhor material possível, sempre à procura da prancha mais indicada, do fato mais quente. Mas como diz o meu amigo e mestre de ondas F, o dinheiro não compra talento, habilidade nem "go for it" que é uma forma sofisticada e surfística de dizer...tomates.

Conheço muito boa gente que só surfa meio-metro e está muito satsifeita com isso. Mas eu quero mais. Quero sempre mais. Ambição desmedida e medo. Como é que convivem?

Mal. E essa é a minha cruz.

domingo, outubro 12, 2008

Welcome to the jungle

Para os meus amigos que estranham a miha prolongada ausência do espectro visível (e audível), sinto-me na obrigaçao de explicar: Estou na Costa Rica, sem telemóvel, já que parece que o meu carregador nao se dá bem com os adaptadores de 100 volts que tem de se usar por aqui. Nao que fizesse diferença, já que tenho andado por sítios em que as únicas redes sao mesmo as mosquiteiras. Assim, tenho falado muito com os macacos uivadores, os tucanos, os crocodilos e jacarés, quetzais, tarântulas, serpentes e nao sei que mais. Ainda tou para ver um jaguar, mas lá iremos...

Entretanto, só queria avisar que estou vivo mesmo que num computador latino americano em que os únicos "tils" vêm numa tecla com n. Uma coisa assim: "ñ". Isto só para os engraçados que possam ter a mania de me corrigir a ortogafia :).

Volto daqui a quatro dias.

PS: Garcia, como estao as ondas? O único sítio com mar em que estive estava infestado de tubaroes e crocodilos à caça. Estamos na época da desova da tartaruga verde e parece que os rapazes às vezes enganam-se e mordiscam uns turistas. E tendo em conta que já vi crocodilos com 3 metros...

A seguir sigo para o lado do Pacífico. Pode ser que tenha sorte.

segunda-feira, setembro 29, 2008

sexta-feira, setembro 26, 2008

É amanhã

Depois de não sei quantos ameaços, amanhã bem cedo vou estrear-me, finalmente, na Praia do Norte.

E que Deus me ajude...



sábado, setembro 13, 2008

Regresso




Acabei de escrever as penúltimas linhas desta jornada pelos países de Leste. Parto com o doce sabor da vitória nos lábios, mas também o da saudade. Foram 10 dias que me pareceram um mês, repartidos por 3 países. Uma aventura para recordar a juntar a outras que tenho acumulado ao longo destes 10 anos de jornalismo.

Tenho saudades do sol e do sal, da casa e do amor. Amanhã, se Deus quiser, estarei a aterrar em Lisboa. Seria bom que todas as distâncias fossem tão curtas como aquelas que separam Tallin e Lisboa, Estónia e Portugal, a Terra e o Sol.

Porque há casas às quais nunca mais se pode regressar. Dessas apenas podemos transportar a memória do seu calor aqui dentro, neste edifício de osso e músculo e memória.

Até já

quarta-feira, setembro 10, 2008

Contrastes




Bem, o avião lá aterrou e, agora, na véspera da partida para a Estónia, depois de três dias de Letónia, posso dizer que nada poderia ser mais diferente da Macedónia do que isto.

Esperava encontrar um país muito marcado pelos 50 anos de ocupação soviética mas o que encontrei foi mais um país escandinavo do que algo saído de trás da cortina de ferro.

Minimalista, limpo, organizado e até estranhamente rico. Parece que logo após a independência estes senhores registaram anos com taxas de crescimento na ordem dos 10%, o que é de loucos num país com poucos recursos naturais e uma indústria pouco significativa.

Conseguiram este milagre com um modelo misto entre o socialismo e o capitalismo. Qualquer coisa como um capitalismo controlado pelo Estado. Talvez por ser um país muito pequeno, a coisa funionou. Se bem que agora, com uma inflacção na ordem dos 15% e a subida das taxas de juro, o optimismo que encheu as ruas de Riga com carros de luxo abrandou substancialmente.

Talvez por isso um estudo recente de uma universidade norte-americana tenha colocado a Letónia como um dos países mais infelizes do Mundo.

Quanto às pessoas, os 30% de russos e a maioria letã mais os cruzammentos de gentes e raças, resultaram num produto interessante.

As mulheres são de uma beleza nórdica mas com um toque eslavo e, por vezes algo asiático que lhes confere uma graça muito própria.`Há alturas do dia no centro de Riga em que parece termos sido transportados para uma passerelle qualquer: altas, louras, de olhos claros e rasgados, vestidas`com os últimos trapos da moda e botas de cano alto a salientar as pernas longilíneas, bem... podemos dizer que o fisioterapeuta da comitiva anda a ser muito solicitado para resolver torcicolos...

A cidade em si é também muito bonita. Rica em arquitectura medieval e manifestações de "art noveau", a paisagem urbana é uma sinfonia harmoniosa e rica em que as torres das igrejas funcionam como os instrumentos mais sonantes.

Depois, existe muita música. As melhores escolas de música e dança de Riga produziram nomes como o bailarino Barashnikov entre outros.

Riga vai deixar-me alguma saudade. Mas, aqui para nós, não era cidade para mim. Tenho saudades do peixe grelhado, do sal do Atlântico e, já agora, de mulheres com menos de metro e oitenta...

sexta-feira, setembro 05, 2008

Onde estás, Alexandre?




Macedónia. O nome faz ressoar memórias dos livros de História. Pátria de Filipe e do célebre rebento: Alexandre. Um jovem rebelde e ambicioso sanguinário que ficou para a eternidade como o Grande.

Estes macedónios, filhos da antiga Jugoslávia nada têm a ver com o povo grego que deu à luz Alexandre. Estes são uma mistura de albaneses, kosovares, ciganos, turcos e outras etnias mais obscuras.

A paisagem urbana mais parecida que já vi com isto foi em Cabo Verde. Basta substituir o ocre luminoso e árido por um cinza sujo. É, de resto, o mesmo cinzento que me impressionou em Pozeravac, há uns anos. Falo de uma terrazinha sinistra na Sérvia. O berço de Slobodan Milosevic, imagine-se. Pois, mas este cinzento é menos puro e sinistro. É só sujo.

Na verdade esta Macedónia é um pouco uma fraude. Uma terra de gente sem terra que procura na figura do conquistador uma figura que os agregue, como Tito fez com a Jugoslávia. Não sei se será possível unir esta gente. Aliás, não sei se isto é uma nação. Não, são muitas enroladas numa bandeira e num nome: Alexandre.

Esta é a minha segunda noite aqui em Skopje e agradeço o facto de amanhã ser a última. Depois seguem-se Riga e Talin´. Letónia e Estónia, respectivamente. Dizem que Riga é uma cidade bonita: o património é rico w as mulheres acariciam a vista...mas também dizem que é a capital europeia dos homicídios.

Não me parece que alguém me queira tratar da saúde. Na verdade, medo, medo, só da porcaria dos aviões. É que quanto mais voo mais sinto que ando a desafiar as estatísticas. A ver vamos...

Bem, estou a cair de sono. Uma página já lá está e a cerveja macedónia já me pesa no estômago. Já não tenho entranhas para a bebida. Ou para quase nada.

Vou dormir. Ou tentar. A porcaria do pretenso ar condicionado faz um barulho comparável a uma velha asmática. Bem, pelo menos, não me sinto só.

Boa noite, a próxima entrada será na Letónia. Assim o avião o permita.

quarta-feira, agosto 27, 2008

Super





O caminho desde o carro até à água é longo. Não importa que sejam 500 metros ou 5 metros. O fato vai enrolado e o peito esbranquiçado à mostra, realçando as linhas bronzeadas nas mãos e no pescoço.

Os ignorantes chamam-lhe bronze de camionista ou outras coisas que tal, mas a verdade é que estas marcas são a inveja dos iniciados que não dispõem desta fortuna de mais de de trezentas manhãs livres por ano.

Sim, o fato vai aberto porque é verão mas o caminho é tão longo... Nesta altura do ano em que as ondas são tão escassas, um dia como este, com o vento e a ondulação certas para fabricar aqueles tubos pesados e ocos é uma raridade que roça a miragem. Mas estes não enganam, se não os nativos não teriam baptizado este local de "Supertubos".

A única coisa ilusória aqui é mesmo o tamanho da onda. Se estiver perfeito, do parque de estacionamento parece sempre mais pequena e dócil. Ainda me lembro da primeira vez que ali entrei. Tenrinho, ainda mal sabia apanhar umas ondas na Costa da Caparica, olhei para o mar e pareceu-me "acessível". Esfomeado de mar, fui a correr equipar-me e mal dei por mim, estava a entrar.

Devia ter-me apercebido que algo estava errado assim que a primeira espuma me bateu no corpo. Não estava preparado para o impacto e quase caí para trás. Mesmo assim avancei, com a confiança abalada, é certo, mas avancei.

A remada até ao pico não foi difícil. Sentei-me na prancha e esperei. E, de repente, a suspeita do disparate atingiu-me com muito mais força que a primeira espuma: um monstruoso animal espreguiçou-se, o gigantesco lombo a ondular na minha direcção. O horizonte subiu de uma vez e aquela onda rolo compressor aproximava-se.

Ainda olhei, meio incrédulo por um segundo ou dois e depois comecei a remar a toda a velocidade para passar por cima do que aí vinha antes que o animal abrisse a boca...passei.

Tentando não entrar em pânico, tão preocupado em não deixar transparecer que era um puto metido num campeonato de homens como em, pura e simplesmente, não sair dali afogado, deixei passar mais alguns daqueles grandes espamos de água, esperando pelo fim dos set e de uma providencial ondinha que me tirasse dali.

Escolhi uma ponta de um triângulo de água e tentei apanhar a onda. Mais uma surpresa: o que na Costa são rampas gordas e generosas, ali são substituídas por buracos que transformam mesmo a onda mais pequena numa parede alta e íngreme.

Quase por reflexo puxei tudo para trás: prancha, corpo e alma.

Ainda mal refeito da surpresa, olho para trás e ia ficando sem ar: o horizonte voltava a subir mais uns palmos e eu estava em plena zona de impacto, apanhado a meio caminho entre a areia e o pico. Comecei a remar que nem um condenado. E nunca esta expressão caiu tão bem.

A parede de água verde-acinzentada caiu em cima de mim com uma força como nunca tinha experimentado. Um cruzamento de qualquer coisa como ser atropelado por um carro a alta-velocidade e o ser lançado numa máquina de lavar roupa.

As pernas passaram-me por cima da cabeça, o braço esquerdo não o sentia e o direito parecia estar a ser arrancado pelo chop que me unia à prancha. Passaram-se alguns segundos que me pareceram uma eternidade até respirar.

Levantei a cabeça daquele turbilhão apenas para ver outro animal dar o bote. Mais uns segundos de agonia e falta de ar para, milagrosamente perceber que tinha sido arrastado para a beira do areal.

O alívio...e a vergonha. Ainda meio torto e desequilibrado, marchei dali para fora tentando manter a compustura diante dos poucos inquilinos acidentais do areal invernoso. Percebo que ainda não estava maduro para uma onda de reputação mundial. Rápida, técnica, exigente, pesada são alguns dos adjectivos que ouvi mais tarde a propósito da onda dos Super, sempre invocada com um misto de entusiasmo e respeito.

Quase dois anos depois, com mais alguns sustos e outras tantas pequenas glórias no currículo voltei ao campo de batalha, mas isso é história para outro dia...

terça-feira, agosto 26, 2008

Amor cão




Não há ternura como a de os olhos de uma mãe. A não ser a dos olhos de um cão.

Da Argentina chegou-me a história de uma cadela chamada "China", transformada em improvável heroína ao salvar uma criança recém-nascida, abandonada por uma assustada mãe de 14 anos.

A criança foi recuperada pelo dono da cadela, que a encontrou deitada junto das crias do animal, perfeitamente incólume e ainda enrolada em trapos. Ao que tudo indica, a cadela transportou a criança cerca de 50 metros, desde o local onde foi abandonada até à sua casota, onde a depositou, junto de si, como se fosse da sua ninhada, mantendo-a quente e seca.

A mãe entretanto apareceu e já se encontra reunida com o bebé, que a imprensa argentina chama "bebé milagre".

Às vezes as mãos de Deus podem ser a boca de uma cadela.

segunda-feira, agosto 25, 2008

Língua de gato





Acordar nunca foi um verbo que eu gostasse de conjugar. Estejamos a falar de um acordar metafísico, epistemológico, ontológico, ou, pura e simplesmente (o que nunca é, nem puro nem simples) levantar os cornos da palha.

Tenho um sabor metálico e ácido na boca que não sei se é do lábio que feri na véspera em supertubos ou o chá verde de má qualidade da noite anterior. Se calhar é apenas desta maldita dificuldade em conjugar o acordar. Detesto acordar.

Não que queira ficar a dormir ainda mais, não, longe de mim, caraças! Dizem que vou ter muito tempo para isso quando os meus ossos amarelados estiverem espalhados algures por aí (nota mental: pedir para ser cremado). Não, o que me aflige é mesmo esta meia-hora em que me arrasto para fora da cama, em que sinto o sobressalto frio do chão da cozinha e sempre, durante todo este calvário do acordar que, na melhor das hipóteses, há de durar até ao banho (de água salgada ou do cano é a questão), me fustiga com uma onda de recordações de sonhos.

Detesto sonhar. Pelo menos, este tipo de sonhos . Acho que sonho porque não choro. Passo a noite a dançar com mortos: pessoas e animais. Que raio, ontem deixei um gato preto a chorar no Chiado...

Não, não é uma imagem poética. Deixei mesmo um gato... eu explico. Voltava do passeio de domingo à noite,aquele em que aproveitamos para levar a minha mãe a sair um pouco de casa quando, ali, mal iluminado à luz de uma montra daquelas lojas de decoração sempre à beira da falência, uma pequena elegante sombra negra esperava por mim.

Sinto-me no dever de explicar que gosto de gatos. É um amor suspeito para um homem heterossexual e equilibrado, dizem. Mas nunca fui equilibrado.

A verdade é que, quase sem querer, o chamei e ele não fugiu. Miou roucamente como quem pede carinho e, de gato preto para gato vadio, como podia recusar quem me pede nessa língua que conheço tão bem?

Baixei-me e fiz-lhe uma festa naquele lombo ondulante e macio, invejei-lhe a boca branca e aguçada e voraz. Invejei-lhe a fome. Deixei-o roçar-se por entre as minhas pernas, sempre falando comigo naquele miar rouco que pede tudo sem pedir nada ao mesmo tempo.

Quis levá-lo. A razão dizia-me que ia apenas dar-lhe de comer e depois libertá-lo na rua de novo, mas o coração pedia mais. Ia chamar-lhe Chiado e cuidar dele. Uma amizade entre um gato preto e um gato vadio. Um amor platónico mas incestuoso entre dois irmãos da noite.

Mas não podia. A voz da razão apresentou-me mil argumentos válidos e acabou ali com o nosso amor de confrades felinos. Às vezes detesto quando têm razão. Detesto ter que concordar com a razão. Detesto acordar.

Virei costas à voz ainda mais rouca e triste e quis não a entender tão bem. Fui dormir. Vou passar os próximos dias a dormir. Quarta-feira vou acordar para depois me tapar com um cobertor pesado e frio. Quero ver que surpresas me trazem os lençóis gelados de supertubos.

Mas agora vou dormir. E tentar não sonhar com a língua de gato. Ele tinha fome de amor.

Lembro-me da fome. E tu?

quinta-feira, agosto 21, 2008

terça-feira, agosto 19, 2008

E já agora...




Voltando à vaca fria e em resposta à minha amiga Paula, ok, o que é que está errado aqui? Ou melhor, o que interessa mais? A maior atleta portuguesa desde Rosa Mota, que, DE FACTO, ganhou uma medalha de prata, ou o jogador argentino que o Real Madrid segue (gargalhada) e que PODERÁ ganhar uma medalha?

segunda-feira, agosto 18, 2008

...e a flor

A diferença horária e a reacção, surpreendente admito, do jornal DESPORTIVO O Jogo, lembrou-me que no meio do estrume há flores. E, já agora, deu a resposta perfeita a quem me perguntou ontem se:

1) Estava maluco e achava que a Bola ou o Jogo iriam fazer manchete com o Phelps

2) Se tinha apanhado demasiado sol na cabeça

domingo, agosto 17, 2008

Estrume

No dia em que Bolt esmaga o recorde mundial dos 100 metros, Phelps arrecada a oitava medalha de ouro, tornando-se o atleta mais medalhado desde que Coubertin pensou os Jogos Olímpicos e, já agora, o vice-campeão olímpico Francis Obikwelu pendura as sapatilhas, os "desportivos" portugueses destacam um tal de Djaló.

Merda de país é este que merece tal esterco de imprensa!

sábado, agosto 16, 2008

A essência



"I don't want to not live because of the fear of what might happen..."

Randy Pausch Last Lecture: Achieving Your Childhood Dreams

Percam uma hora, ganhem muito mais.

segunda-feira, agosto 11, 2008

Parabéns



Trinta e dois.

quarta-feira, agosto 06, 2008

sábado, agosto 02, 2008

Definições






Dizem que quando morremos, ou pensamos que "é desta", a nossa vida passa diante dos olhos. Já não sei se é bem assim. Um dia destes, pensei "é desta", cortesia de três vagalhões consecutivos na Praia Grande. Eu adoro surfar, mas um dos "clichés" dos desportos de ondas diz que "to enjoy the ultimate ride, you must be willing to pay the ultimate price". Como confio que os meus leitores sabem inglês, não me vou dar ao trabalho de traduzir...

Ok, é uma daquelas frases de macho, uma compensação de homem das cavernas que já não tem a vida em risco todos os dias por constar na ementa de uma fera qualquer. Mas o facto é que esta frase, apesar de digna de um "cabeça de wax", tem a sua verdade. E essa verdade é que viver é perigoso, e quanto mais se vive, mais e maiores perigos se correm. E eu vivo. Cada vez mais.

Mas divago. Na verdade, naquela manhã invernosa na Praia Grande, não consegui isolar nenhum momento. Daqueles que nos definem. Que nos moldam. Mas eles existem.

Então, agora, apetece-me fazer uma contabilidade da alma. Que momentos me definem. Que momentos fizeram de mim o que sou hoje? Será que podemos ser reduzidos a isto, a uma miríade de momentos, como quadradinhos de um cubo mágico que, de alguma forma, quando alinhados na ordem correcta, nos ilustram na perfeição?

Mas que quadrados, que momentos, são os meus?

Alguns são óbvios: nascimentos, mortes. E não só no sentido literal. Há muita coisa que, sem o parecer, é um nascimento ou uma morte. Um princípio e um fim. Tudo no planeta é isso mesmo: princípio, fim...e o que está entre eles.

No meu caso, as mortes são muito mais literais do que gostaria. Porque perdi demasiados entes queridos. Bem, só um seria "demasiados", mas foram mais. Isso define-me como um ser triste? Às vezes.

Afinal, não esqueço aquele dia de Agosto em que estava a chegar de táxi a casa, cansado mas feliz e orgulhoso de ter trabalhado 28 dias consecutivos sem folgas. Afinal, estava a recibos verdes, doido para ser contratado, e o facto de precisarem tanto de mim fazia-me sentir importante. Ali estava a nascer qualquer coisa. E logo a seguir, a morrer. Tinha havido um acidente. Uma mota. O meu irmão.

Essa noire marcou outro nascimento, o meu segundo. Acho que ali, na rua, sem perceber, como em qualquer parto, chorei alto, para Deus ouvir: eu estava vivo. Pelos dois.

Seria bonito dizer que fui sempre fiel a essa promessa. Mentiria. Aprendi depressa que tal missão tem o seu preço.

Paguei-o com prazer naquele que, para o bem e para o mal, foi o beijo da minha vida. Era noite, chovia, estávamos numa estação de comboio e ela não era minha. Nunca seria. Mas, aquele momento, aquele beijo, o desespero, a fome, a tristeza, o amor (meu, pelo menos)...

Enfim, mais tarde percebi que era um...equívoco talvez seja a maneira mais generosa de o rotular. Mas, ainda assim, se ao morrer pudesse escolher os momentos para evocar, este seria um deles. Porque estava vivo como poucas vezes estive e, se calhar, estarei.

Mas, repito, foi um "equívoco", um desperdício da força que tinha descoberto em mim: a ousadia de sentir e a coragem de agir consoante.

E houve outros, claro que sim. Tristes, trágicos, cómicos. Outros ainda, tragicómicos (os meus preferidos, confesso), outros ainda, simplesmente belos.

Enumerá-los seria difícil. Neste momento lembro-me de alguns exemplos: dos trágicos, a morte do meu irmão; tristes, olhar para o meu pai deitado naquela urna e pensar que ele parecia estranhamente mais baixo, como se lhe tivessem tirado um bocado...

O tragicómicos, (esta é fácil), a primeira vez que tive sexo. E o dia seguinte: a confusão, a desilusão, o vazio de quem nada sentiu de arrebatador. Mas não matou o meu romantismo, não. Isso veio muitos anos mais tarde.

Os belos: as gargalhadas do meu irmão quando éramos pequenos e eu lhe fazia cócegas, o primeiro beijo, a primeira vez que o meu nome saiu no jornal, a primeira reportagem como enviado especial, a primeira vez que vi Paris e Roma, a primeira onda, os pores do sol no mar. É estúpido como os momentos maus surgem de chofre enquanto os bons temos que pensar e seleccionar. Demorei aí uns 15 minutos a escolher estes. É como se tivessemos de pedir desculpa por sermos felizes.

Serei um pessimista? Não. Acredito sinceramente que não. Se não, não teria sobrevivido. Não, não estou a ser melodramatico. Apesar de ter uma certa queda para isso. Herdei da minha mãe, acho. Ah, e do meu pai. Eles eram demasiado parecidos. Demasiado.

Mas estou a alongar-me. Deve ser vontade de escrever o tal livro que, um dia, quero parir. Pois, parir é o verbo. Não porque ache que tem de ser com dor, mas porque acho que deve ser com amor. E porque tudo na vida nasce e morre. Mas isso é incontornável. O que se passa pelo meio é que nos define. Chama-se viver. E eu quero.

quarta-feira, julho 23, 2008

Luxos


Perder. Ora aí está um verbo que todos conhecemos. Uns mais do que outros, mas todos sem excepção. Porque perdemos sempre mais do que ganhamos e porque ganhar implica, a prazo, que vamos perder.

Nos últimos dois dias tenho andado a pensar em perdas. Não só nas minhas, para variar, mas nas de um amigo-irmão.

Colocando a coisa de forma mais factual: o pai desse meu amigo anunciou-lhe que ia vender a casa de férias da família. De facto, não parece uma tragédia, pois não? Pois, mas apenas os míopes e os mancos se ficam pelos factos.

A "casa de férias" a que o meu amigo (que sofre de um infeliz complexo de esquerda anti-materialista, desculpável pois ainda é jovem), se refere de quando em quando como "um luxo" é também o seu assumido refúgio.

Não fica num desses locais de férias balneares da moda. Não, a água é fria, o mar é bravo, o clima ventoso e o local não tem hóteis de luxo e o jet-set anda em barcos de pesca ou pedaços de fibra e esponja em cima das ondas.

Mas é por isso mesmo que é o seu refúgio. Porque é um sítio pequeno encravado num local onde tudo é grande. A começar pelo mar. O mar está em todo o lado. Nas escarpas da terra e da alma das gentes, duras e generosas ao mesmo tempo.

O meu amigo cresceu ali. E ele sabe disso. É ali que respira, que é. Que se permite baixar a guarda e realmente Ser.

E querem tirar-lhe isso. E ele está a sofrer. E apesar disso, às vezes, diz que vai perder "um luxo", e di-lo com o tal complexo esquerdista anti-materialista.

É parvo.

Porque o luxo é viver. Sem luxo, não se vive, sobrevive-se.

I'm easily found

quarta-feira, julho 16, 2008

Como Hilgenbrinck





Como quem?...

Hilgenbrinck. O nome é complicado mas a história simples. Chase Hilgenbrinck é um futebolista norte-americano (futebolista de "soccer" como dizem os seus compatriotas), que pendurou as botas para envergar a batina. Sim, a de padre.

Uma história que me fez ressoar ecos antigos. Também eu, em tenpos, pensei em ir servir o Senhor. Sim, agora dá-me vontade de rir e a quem me conhece bem também deve fazer umas cócegas intelectuais. Mas nem tanto assim...

Fui um puto sensível e introvertido. Solitário e aflito ao ponto de me virar para algo que me transcendesse, a mim e à cortante realidade que me magoava todos os dias. O alcoolismo, as drogas, a violência, a mentira e a morte. Conheci-os a todos demasiado cedo e não queria acreditar que a vida se resumisse a isto. Tinha esperança.

Não sei onde é que ouvi falar de Deus pela primeira vez, se nos livros, se através da minha avó Deolinda, alentejana analfabeta, crente até à beatice mas generosa como ninguém. Foi ela que me ensinou a rezar todas as noites antes de dormir, hábito que me acompanha até hoje. Não sei porquê, mas faz sentido pedir a protecção dos que nos são queridos antes de dormir.

Pois, com tudo isto, lembro-me que, a dada altura, num acesso de poesia trágica (outro tique que me acompanha até hoje mas, felizmente, cada vez mais raro) cheguei a pensar em ir para padre. Tinha para aí 10 anos e ainda não percebia o que estava a perder. Não que a fome pelo sexo oposto ainda não estivesse lá, mas estava difusa e pouco focada. Pensava que era algo que não me incomodaria muito, afinal, até à preparatória tinha tido pouco ou nenhum contacto com raparigas da minha idade e não estava a ver o que ia perder.

Felizmente, acordei a tempo e percebi que o meu caminho não seria esse. Desde aí, a minha religiosidade não diminuiu, nem mesmo naquele dia em que, justificadamente, poderia ter pensado que Ele não existia. Se calhar até pensei, mas como não me lembro de muita coisa desse dia e de alguns que lhe sucederam...

Não diminuiu mas transformou-se. Inexoravelmente. Hoje olho para a Igreja católica como olhava para os regimes comunistas: como um grande dinossauro branco e dourado. Inútil e ultrapassada. Mas a minha religiosidade nunca foi formal; contam-se pelos dedos de uma mão as vezes que entrei numa Igreja. E quase nunca à procura Dele. Não, isso eu encontrava mais facilmente no escuro. Aquela ausência de luz que se infiltrava na minha meninice e adolescência. Mas era uma experiência íntima, familiar, de filho para o pai que, na prática, não tinha. Deus era o cúmplice e o amigo que me amparava e ajudava no meio daquilo tudo.

Sim, continuo religioso. Acredito na transcendência, mas não a procuro nos tijolos do Vaticano nem em qualquer outro templo. Nem sequer nas ondas que, para mim, são de uma arquitectura superior. Procuro em todo o lado. Dentro e fora de mim. Quando rezo por aqueles que amo.

Não, não dava para padre. Tenho um coração diferente.

segunda-feira, julho 07, 2008

Começar a cura

segunda-feira, junho 09, 2008

Flat





Não quero pensar. Não permito sentir. Estou a zero. Não, estou flat. Como o mar.

terça-feira, maio 27, 2008

A criança

Tenho pouquíssimas fotos de criança,para aí duas ou três, por isso quando desenterrei esta dos arquivos fiquei estupefacto. Digam lá que não era um bebé giro? Não sei mas é o que raio aconteceu depois.

segunda-feira, maio 26, 2008

Saudades do Inverno

Um dia para recordar. Sobretudo nos dias de ondas marrecas na água e falta de coragem fora dela


domingo, maio 25, 2008

Combater o stress

Isto há dias em que, apesar de o mar não ajudar e as ondas estarem a meio-metro mole (saudades do inverno), um gajo faz o que pode para combater o stress...


quinta-feira, maio 22, 2008

Dressed to Kill

quarta-feira, maio 21, 2008

Genial





A querida C. chamou-me a atenção para este pedaço de genialidade. Peço desculpa a quem não sabe ler inglês, mas confio nos meus leitores.

'Next Life' by Woody Allen

In my next life I want to live my life backwards. You Start out dead and get that
out of the way. Then you wake up in an old people's home feeling better every day.
You get kicked out for being too healthy, go collect your pension, and then when you
start work, you get a gold watch and a party on your first day. You work for 40
years until you're young enough to enjoy your retirement. You party, drink alcohol,
and are generally promiscuous, then you are ready for high school. You then go to
primary school, you become a kid, you play. You have no responsibilities, you become
a baby until you are born. And then you spend your last 9 months floating in
luxurious spa like conditions with central heating and room service on tap, larger
quarters every day and then Voila! You finish off as an orgasm! I rest my case.

sábado, maio 17, 2008

Revoluç(ões)




Às vezes, na vida, é preciso ir pelo caminho menos percorrido. Para o bem e para o mal, acho que não sei fazer as coisas de outra maneira...

Mas hoje quero celebrar a diferença. E faço-o através de um símbolo de diferença por excelência: com o meu novo MAC. É verdade, ao cabo de não sei quantos anos às cabeçadas com os produtos do senhor Bill Gates, resolvi, finalmente, dar uma hipótese à concorrência. Lá está, o caminho menos percorrido. E sabem que mais? Grande jogada. O sistema operativo é limpinho, facílimo de manejar, a máquina é excelente, rápida e....convenhamos, não magoa a vista.

Nesta altura, o verdadeiro motivo por trás deste post já está a gozar, a dizer que admito que só comprei um Macintosh porque são bonitos. É verdade. Mas não o objecto em si, é o conceito: a simplicidade. Mais: a liberdade.

E é de liberdade que, afinal, quero falar. Hoje, o meu amigo F deu o salto. Porque nunca se sabe quem vai ler isto, o meu amigo terá de ser só "F".

O meu amigo é um puto. Sim, é bem mais novo que eu, aí uns 6 anos, se não me falham as contas... Bolas, o meu irmão, o meu puto, seria bem mais velho que ele. Caraças, como o tempo passa...

A referência ao meu mano não é descabida. Acho que o que me fez ganhar amizade tão forte e tão rápida ao meu amigo F é que ele, em tanta coisa, é muito parecido com o meu irmão. E, depois, em tantas outras, tem muito a ver comigo.

Lembro-me de quando era bem menino estar a falar com o meu irmão e, constatando o quão diferentes éramos (tão óbvio que era difícil não o perceber), lhe ter dito que se houvesse uma maneira de nos fundirmos num só ser, esse gajo seria perfeito. Ok, ok, o que querem?...é a parvoíce natural da infância.

Na verdade, era a maneira de dizer ao meu irmão que o invejava. Ele tinha a irreverência, a força e a coragem que ainda hoje estou começar a conquistar.

Soube depois, tarde de mais, que o meu irmão também retribuía a minha admiração. Ao mexer nas suas gavetas à procura de documentos para a agência funerária encontrei a primeira peça assinada no Record, dobrada em quatro, escondida como um tesouro.

Mas estou a perder demasiado tempo a falar do meu assunto favorito: eu mesmo :)

Quero falar do meu amigo F. Mas quando falo do meu irmão também estou a falar de F. Porque em F vejo o Mário. A sua irreverência explosiva, o seu senso de humor cáustico, e sobretudo a forma algo absurda que ele tem de me tentar proteger dos meus próprios erros.

Tal como o Mário, F tem a dificuldade extrema de perceber que, de alguma maneira, através da minha loucura, eu arranjo sempre maneira de me safar. Aliás, ele sabe que sou um sobrevivente.

Tal como o Mário, F também tem pouca paciência para as minhas crises existenciais, sobretudo numa altura em que fazem cada vez menos sentido.

Mas, tal como Mário, também com ele percebo a amizade que corre debaixo do fogo de artifício.

Hoje, F fez uma revolução. F está livre, abriu asas e vai voar alto. Tenho a certeza. Porque tem qualidade e uma falta de humildade própria dos heróis da pena.

Não vou cometer o erro de esperar demasiado para to dizer: tenho orgulho em chamar-te meu amigo e espero que um dia, daqui a uns anos, me deixes chamar-te irmão.

Porque, às vezes, ir pelo caminho menos percorrido faz toda a diferença.

sábado, maio 10, 2008

Rapsódia


Sim, fui transferido de secção outra vez. Agora estou no futebol internacional. O que não me impede de dar uma mão às modalidades, ao futebol nacional e ao Sporting. Escusado será dizer que no Benfica não toco (depois do processo sujo que me afastou de lá...tenham alguma vergonha, não?!)

Não, não há ondas, não há previsão de haver ondas, e estou a começar a considerar comprar uma BTT (o ginásio está fora de hipótese durante uns tempos já que estourei as costas a fazer agachamento). Não consigo ficar parado sem fazer nada, mas a idade e os abusos a que submeti o corpo durante anos começam a sentir-se (ombro, costas e, de quando em quando, joelhos).

Sim, as finanças estão atrás de mim outra vez. Parece que algumas contribuições da minha avó não encontraram o caminho até à minha caixa do correio e estiveram a somar uma bonita quantia. Esta semana tenho de ir lá e, pelo caminho, adiar a compra do meu novo portátil e de um novo wetsuit. Enfim...

Não, não tenho nada de importante para dizer. O meu cérebro está flat, como o mar (já disse que não há ondas dignas desse nome?)

Sim, estou aborrecido. Como o caraças!

domingo, abril 20, 2008

quarta-feira, abril 16, 2008

Procol Harum - A whiter shade of pale 1967

Sem palavras

Resposta ao desafio

Ok, conforme acordado com o meu amigo Garcia, cá vai o meu contributo para o desafio

Um mês: Agosto (na alegria e na tristeza)
Um dia da semana: Sábado
Um número:Sete
Um planeta: o azul
Uma direcção: Sem direcção
Um móvel: o sofá
Um líquido: água
Um pecado: luxúria, claro!
Uma pedra: Granito
Um metal: Platina
Uma árvore: Sequóia
Uma fruta: Ananás
Uma flor: Rosa vermelha
Um clima: Nórdico
Um instrumento musical: Violoncelo
Um elemento: Fogo
Uma cor: Vermelho
Um animal: Cão
Um som: Trovão do mar revolto a bater na costa
Uma canção: Whiter shade of pale
Um perfume: Aqua di Gio
Um sentimento: Paz de espírito
Um livro: Evangelho Segundo Jesus Cristo
Uma comida:Bacalhau à Lagareiro
Um lugar: Portugal
Um gosto: Mulheres
Um cheiro: Mar
Uma palavra: Força
Um verbo: Lutar
Um objecto: A minha prancha
Uma peça de roupa: Ténis
Parte do corpo: Coxa
Uma expressão: Sorriso
Um desenho animado: Mafalda
Um filme: Lista de Schindler
Uma forma: Oval
Uma estação: Inverno
Uma frase: Perdoa-lhes Pai, que eles não sabem o que fazem


Pronto, chiça que isto demorou. Agora quem quiser...

terça-feira, abril 15, 2008

Lagido ou a atracção do abismo



Desde que comecei nesta treta de descer ondas (que, convenhamos, não foi assim há tanto tempo) que o meu amigo Garcia me fala do Lagido como um desafio "para homens".

De facto, falamos de uma onda que quebra ao largo do Baleal, em Peniche. Uma esquerda rasa e triangular, ouvi dizer. Raramente a vi como deve ser, também porque, convenhamos, o spot é pequeno e sempre cheio de penicheiros avarentos.

Mas também porque falamos de um pico em que, graças à laje que lhe dá o nome, podemos estar com água pela cintura no meio do mar. O que significa que em caso de queda, temos para aí meio-metro de H2O para nos aparar a queda e depois...a pedra.

Para homens, diz o Garcia. Acho que já estou preparado. A questão é se o meu crânio também...

E há (mais) dias assim




Ia escrever qualquer coisa mas, honestamente, estou exaurido de força, de paciência, de entusiasmo.

Nota: O mar vai crescer mas o vento está ao contrário do ideal (há dias assim)

quinta-feira, abril 03, 2008

Memórias

Interrompo a marcha escadas acima, em direcção à casa da minha avó. Espero por ela agarrado ao corrimão, com o queixo pousado na madeira escura, polida e macia: "Vó, estive a pensar...não quero deixar de ser criança. Os adultos só pensam em dinheiro e só trabalham, não brincam nem aprendem nada. Não precisava de crescer mais. Sei que vou crescer, mas mesmo quando for grande vou ser criança. Acha que dá?..."

Porra, avó, não me disseste que seria tão difícil...

Nunca a dor foi tão divertida

quarta-feira, março 26, 2008

Pelos Cães

Vamos fazer qualquer coisa contra a eugenia canina enquanto os fascistas não fazem o mesmo connosco.

http://www.peloscaes.org/

domingo, março 23, 2008

Paris:Luce vers Tenebrae



Se não contarmos com as escalas no Charles de Gaulle, esta é a quarta vez que estou em Paris. Paris…
Só o nome faz ressoar uma escala de referências literárias, cinematográficas, plásticas. Como uma escala numa espécie de teclado de piano civilizacional. Porque se Nova Iorque é a Roma da actualidade e Roma é a Roma de sempre... Paris é Paris.
É a cidade com que o Mundo sonha quando sonha. Não são os cafés de esquina -- tão “charmant”, não acha querida? -- não são as lojas, os museus, as pernas das parisienses, emblematicamente quase sempre magras e despidas, mesmo no Inverno (Bem-vindo milagre de nylon, as meias de senhora…)

Não, também não são os monumentos esmagadores, as grandes avenidas ou, por harmonioso contraste, os bairros históricos dos artistas e das prostitutas que os alimentavam e nutriam, sim, que são coisas bem diferentes. Afinal, o seio que beijamos também é a mama que nos dá o leite. É tudo uma questão de perspectiva.

Ah, essas maravilhosas ruelas tão estreitas, recurvas e misteriosas como os caprichos das mulheres. Bem, pelo menos de algumas que conheci…

Não e sim. Paris é tudo isso, mas também é tão mais que isso, bolas.
Paris é sempre a primeira vez que cá passamos. Quando somos jovens, embora já não inocentes. Quando insistimos naquelas parvoíces que se fazem quando vivemos o sonho dos outros: Lanchamos nas esplanadas dos tais cafés de esquina, perdemo-nos em Montparnasse, visitamos a Defence e a Bastilha, Notre Dame, o Quartier Latin e claro, a senhora de toda a cidade, a Torre Eiffel. Lá está ela, ponta-de-lança, literalmente, de uma tecnologia que hoje não é mais que arte em ferro e até romance.

Mas o que não é romance em Paris?

Subimos ao cimo da torre a pé, pelo menos a parte que é permitida sem recorrer ao elevador, entupido por intermináveis filas de turistas americanos e espanhóis e italianos e portugueses e…não, nós? Não, somos jovens, estamos apaixonados e não somos como ninguém, não é?
Lembras-te como chorei quando pensei que o “puto” não ia ver aquilo nunca? Que era dono do Mundo e nunca tinha sequer vindo a Paris? Pensando bem, deve ter sido das últimas vezes que consegui chorar. Já lá vão quase 10 anos. Merda, como o tempo passa.
Menos para Paris. A cidade Luz…pois.
Uma Luz fria como o Inverno que resiste lá fora. Acho que ninguém lhe explicou que aqui em França a Primavera também começa dia 21 de Março.

Nunca fui grande adepto da Luz. Vá, piadas clubísticas aqui não…
A verdade é que a escuridão era mais o meu género. Aquela que me escondia debaixo da cama ou a que vertia para o papel nos meus tempos de adolescente. A idade do armário…pois…sempre achei que devia ser rebaptizada como a idade da gaveta, pelo menos para todos aqueles, e não são assim tão poucos, que guardam papéis rabiscados nas gavetas. Escuras, claro.

Tão escuras como os cabelos da minha mãe. Ela tinha longos cabelos negros que lhe davam pelas costas.
Agora, o cabelo é mais curto e apesar de algum, pouco, esforço, e muita tinta, percebe-se que já estaria raiado de branco. A escuridão agora é lá dentro. Mas não é uma escuridão protectora: é açambarcadora, sufocante, que engoliu a minha mãe com ela. Desde que o “puto” partiu.

Que diabo, quem diria que uma viagem do café para casa, ainda por cima de mota, que é um veículo tão ágil, haveria de demorar 10 anos?

Raios te partam.Tenho saudades.

A verdade é que esta é a minha quarta vez em Paris e percebo que cada vez gosto mais…de Roma. É mais quente, mais aconchegante. E quanto à luz? Os ocres das paredes das casas romanas valem bem as luzes de Paris. A única cor que bate isso é a de Lisboa quando passamos o Tejo de barco. Mas depois chegamos ao Cais do Sodré e o rosa-azul-dourado (à falta de melhor descrição) transforma-se noutros tons bem menos poéticos. Mas, enfim, é o amor-ódio que caracteriza todos os portugueses pelo que é deles.

E eu, em algumas coisas, sou muito português.

sexta-feira, março 14, 2008

Cães danados



Começo por confessar que votei no PS nas últimas eleições legislativas.

Ok, arrumada essa questão, deixem-me ARRASAR esses fascistas de merda!

Então, agora querem proibir a importação, criação e posse de 7 raças perigosas de cães. A saber, o cão de fila brasileiro, o Pit Bull Terrier, o Staffordshire Terrier, o Rotweiller, o dogue argentino, o bull terrier e o Tosa Inu.

Três palavras: mas estão malucos?!

O que é isso de raças perigosas? Porque são maiores e têm uma dentada mais forte? Um Labrador poode ser tão perigoso como um Rotweiller se for treinado para isso. Aliás, há poucos cães com temperamento tão equilibrado como o Rottweiller.

Costumo dizer que não há cães perigosos, há donos perigosos. Mesmo uma arma de fogo só mata se apertarem o gatilho. É pá, e nenhum cão é uma arma. É-o tanto como um carro. Se atirar um automóvel contra alguém...

Estas raças têm todas grandes qualidades físicas, temperamentos valentes e fidelidade ao dono. Tão fiéis que se o dito dono for (esse sim) uma besta eles não percebem. Também há o dono fraco que não se sabe impor ao cão e isso também é uma fonte de problemas.
Em suma, se não tens mãos para um carro rápido, compra um Polo 1.2 (private joke).

O grande (único) problema são os donos. Porque, infelizmente, 90% das pessoas que compram um pitbull ou um Rotweiller têm graves problemas de afirmação (ou uma pila pequena) e compensam com o animal. Os cães são o espelho do dono, pela raça que o dono escolhe e pela própria socialização do animal. Um dono tímido tem um cão tímido um dono afável e sociável tem um cão com as mesmas características, etc.

E nem me ponham a falar dos fdp que se metem nas lutas de cães e criam verdadeiros criminosos de 4 patas.

Agora se vamos pelas "raças perigosas"...daqui a anos vamos estar a falar de "racismo" animal.

Post Scriptum (por razões óbvias nem uso a abreviatura desta expressão): O PS também quer proibir os piercings na língua...a seguir, quem sabe, definir o que fazemos oiuo não na cama e com quem. Porque não?

Post Scriptum 2: a foto que ilustra este post é de um perigosíssimo Rottweiler. Agora somos todos obrigados a ter Golden Retrievers e Cocker Spaniels.

E dizem-se socialistas??? Foda-se, agora percebo porque é que o Cavaco curte estes gajos.

quinta-feira, março 13, 2008

Um mini clube



A primeira vez, até pensei que fosse coincidência. Mas seria? Haveria outro mini azul e branco perto da minha casa com quem o gajo me confundisse? Mas à segunda vez não havia dúvidas.

Aconteceu-me duas vezes ao sair de casa cruzar-me com um mini preto que de ambas as vezes me saudou com os máximos. A minha reacção foi sempre a mesma: perplexo com o gesto, apenas acenei a cabeça, tentando perceber se o conhecia de algum lado.

O facto é que não. O tipo estava a saudar um tipo que, como ele, tomou a opção apaixonada (leia-se irracional) de comprar um mini.

Adoro o meu carro, mas reconheço que é uma escolha pouco lógica. Senta quatro pessoas (à frente tem espaço em barda mas os passageiros atrás não podem ter mais de 1'75 se não ficam um pouco desconfortáveis), e a bagageira é excelente para levar um saco de viagem. Ponto.

De resto, anda muito bem (0 aos 100km em 9,9s 190km/h velocidade de ponta anunciada, embora já tenha dado 185 km/h e com muita rotação para dar na 6ª...) arruma-se bem, é seguro, dá um gozo do caraças de conduzir (curva que é um sonho) e, porque não dizê-lo, é lindo.

Mas agora, começo a perceber que mais do que um carro comprei um bilhete para um clube. É que por ser um carro pouco racional...até porque não é barato...há poucos, e os donos partilham um sentimento de solidariedade ou, porque não dizê-lo, fraternidade. Como se a nossa opção de veículo nos distinguisse do resto do mundo.

Enfim, da próxima vez, respondo-lhe com máximos também. Afinal, nós dos minis temos que ser uns para os outros.

quarta-feira, março 12, 2008

Can I Play With Madness?

Can I?

Sonhar

Boa pergunta

Alguém tenta responder?

segunda-feira, março 10, 2008

Fuga

Às vezes fugir é não sair do mesmo sítio.

domingo, março 09, 2008

Estou grávido


E que tal se eu largasse este engano que todos os dias me engana? Que tal se me despedisse, largasse tudo, refugiasse num buraco cheio de luz e sal e escrevesse o livro de que estou grávido? Sim, porque estou grávido e ando a matar a minha criança todos os dias. Aos bocadinhos.

É uma criança belíssima de feia e grotesca de bela. É ensurdecedora e silenciosa, ofuscante de escuridão. É sangue e tripas, penas de anjo e bolas de sabão; é lágrimas e saliva misturadas numa taça de vinho amargo de saudade e dulcérrimo de amor.

Quero abrir o peito e deixá-la sair pelas bocas dos meus dedos. Como um coro.

E que tal? Que achas?

Há monstros entre nós


"Os dois homens terão actuado de cara descoberta tanto no homicídio de Alexandra Neno como no de Diogo Ferreira, ambos mortos com a mesma arma mas em zonas distantes nos arredores de Lisboa e com quatro horas de intervalo."

Correio da Manhã, 08 Março

quarta-feira, março 05, 2008

Para a Xana

Descansa em paz.

domingo, março 02, 2008

sábado, março 01, 2008

Náusea

Quando me disseram que a esposa do Fernando Santos da SportTV foi morta a tiro, fiquei chocado.

Quando percebi que tinha sido na terra onde nasci e vivi durante 30 anos, num sítio onde passo quase diariamente, fiquei siderado.

Quando me disseram que a "Alexandra Santos" era da UAL, fiquei assustado.

Quando me explicaram que tinham morto a Alexandra Neno, a Xana...

Há dias em que me revolta já não ter lágrimas, apenas uma náusea doentia.

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Porquê?


A vida, às vezes, mas só às vezes, podia ser previsível também nas coisas que correm bem.

terça-feira, fevereiro 19, 2008

Coração de Polipropi...quê?




Polipropileno. PP para os amigos. Para os não iniciados, devo explicar que é uma das duas substâncias usadas no núcleo (core) de todas as pranchas de bodyboard. Sendo a outra o polietileno (PE).

Ainda para os não iniciados: não desistam já de ler, bocejando, ou com um "lá está este gajo com a merda do bodyboard, irra!" (Citação à la Hugo Alves)

Esta foi a minha primeira prancha "a sério", um pedaço de pp com o qual fiz as minhas primeiras ondas "a sério", arranquei o meu primeiro 360º, apanhei o maior susto da minha vida (Praia Grande, num qualquer sábado de manhã, 3 ondas de set na cabeça e a sensação que "era desta").

Alegrias e sustos, algumas frustações, muita emoção.

Um pedaço de PP que para mim foi uma fuga para muita coisa má, um bilhete para um sonho adiado, uma teima resolvida (menos uma).

Mas falo no passado porque há coisa de uma semana fiz um buraco na minha menina. Uma ferida feita numa qualquer pedra traiçoeira.

Agora o problema é estudar uma sucessora, já que o sacana do australiano que dá o nome à tábua mudou o "shape" (formato) e já não se adapta tanto às minhas necessidades.

Agora, e ainda sem herdeira à vista, uma coisa garanto: a minha companheira com coração de PP vai ser a primeira de uma colecção de gloriosas "reformadas" com que pretendo decorar a minha sala de troféus.

Pode parecer estúpido, mas ninguém é inocente no que concerne a guardar objectos com "importância sentimental".

Descansa em paz, menina

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Onde está o wally?

Mais um vídeo do Special Edition 2007 com a presença de um vosso conhecido. Pista: o único otário num campeonato de bodyboard que trazia uma mala de designer italiano visivelmente identificada com o nome da marca na correia. Mau aspecto, eu sei...

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Ouvi Dizer

domingo, fevereiro 10, 2008

Montanhas de Água II (Parabéns Miguel)





Na altura devida não coloquei esta foto porque o Miguel não a queria a circular na net. Mas agora é tarde, né? ;) Parabéns ao 3º classificado da categoria Action Sports do World Press Photo.

Uma foto memorável para marcar um dia inesquecível.

PS: Curiosamente, na altura em que publicámos a reportagem negaram-me as duas páginas porque "este jornal não é para exibir portfolios". Pois...engulam esta!

sábado, fevereiro 09, 2008

Catedral de vidro

Não se pode explicar, mas pode-se mostrar. Diz que Deus está lá dentro.

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

A missão do trovador

Dar voz a quem não a tem

Terceiro Mandamento



Wrath is everything

Segundo Mandamento




Wrath is your father, your mother, you lover.

Primeiro Mandamento




Wrath is your best friend

domingo, fevereiro 03, 2008

It´s a long way



IT'S a long way the sea-winds blow

Over the sea-plains blue, --

But longer far has my heart to go

Before its dreams come true.



It's work we must, and love we must,

And do the best we may,

And take the hope of dreams in trust

To keep us day by day.



It's a long way the sea-winds blow --

But somewhere lies a shore --

Thus down the tide of Time shall flow

My dreams forevermore.



William Stanley Braithwaite
"Punctuality is the thief of time."

- Oscar Wilde

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Ridículo


Sabemos que um país bateu no fundo quando se dá mais importância ao novo visual da Floribela, a estreia de Makukula (nos treinos) ou ao golo "histórico" do Cristiano Ronaldo, do que à instabilidade no Quénia, a subida taxas de juro, o aumento de 150% do pão, a pandemia de gripe, sei lá, o que seja.

Estamos no paroxismo do "pão e circo", sendo que não havendo pão, há circo. os palhaços são as Floribelas, os Ronaldos, as Merches, os Castel-Branco e os Morangos com ou sem açucar deste mundo. Não, os palhaços somos mesmo nós, os que perpetuamos o circo,alimentando-o na produção (como eu, confesso)ou no consumo.

Bater no fundo...não chega. Em tempos demos novos mundos ao mundo, agora damos novos fundos, porque todos os dias batemos mais abaixo do limite.

domingo, janeiro 13, 2008

A Caparica não é longe...



Poderá andar-se metido num amor a contragosto?
Claro que sim.

Um amor a contragosto é um amor em relação ao qual o sujeito que o sofre /palpita que está numa perspectiva catastrófica e que, em princípio, nada poderá fazer para evitar a catástrofe, que esta o espera no fim de tudo e se prepara para o mastigar sem contemplações, reduzindo-o a cisco.

" Reconquista-me!", diz o objecto desse amor a contragosto, entremostrando-se e furtando-se logo de seguida. E o sofrente do amor a contragosto compraz-se (afinal com imenso gosto!) em esfalfar-se e em arruinar-se nessa descida aos inferninhos do amor infeliz.

Como se chega- e para quê- a uma situação destas?
Por muitos caminhos e para muitos fins. Mas o que importa aqui dizer é que o amor a contragosto não é um amor partilhado. O sofrente nunca é igual a quem lhe inflige o sofrimento. É mais. Mais sentimento, mais tormento.

" Mas que figurões!", dirão as rãs que, na circunstância, sempre se juntam para fazer coro. É que eles- o sofrente e o que faz sofrer- não sabem que estão, na sua luta (assalto e defesa), a dar-se em espectáculo aos que, e ainda por cima isentos, assistem a essa terrível devoração afectiva.

De um amor a contragosto dificilmente se sai. É como um vício arraigado, é como um redemoinho que puxa irresistivelmente para baixo.

Talvez a única maneira, como ensinam certos nadadores experimentados em águas traiçoeiras, seja o sofrente deixar-se ir até ao fundo e aí, com um golpe rápido de braços e de pernas, sair do medonho vórtice. Então, poderá voltar à superfície, nadar para terra, sentar-se na areia e dizer:
- Olha do que me safei!- O mundo recobrará cor e significado.

Quem tiver na situação de sofrente, metido num amor a contragosto, pode treinar esse processo de salvação. A Caparica não é longe.

Alexandre O'Neill ( Uma coisa em forma de assim)

terça-feira, janeiro 08, 2008

Medo




Nunca primei pela coragem. Sou demasiado inteligente para ser corajoso. É-se herói muito mais facilmente quando se é, se não burro, pelo menos, inconsciente.

Nunca fui (assim tão) burro e fui atirado para as águas frias da consciência muito cedo.

A morte do meu irmão, a dois dias de eu fazer 25 anos, foi um episódio (re)fundador: ensinou-me o valor da vida e mostrou-me que morrer é fácil. Demasiado fácil.

A maior parte das pessoas passa pela maior parte da vida abençoado com a ignorância deste facto.

Desde que me dediquei à nobre arte de descer ondas (é a única referência), confrontei-me algumas vezes com situações limite. Houve mesmo uma vez em que pensei, mesmo, que ia morrer. O facto de ter tido tempo para pensar nisso debaixo de água diz muita coisa...

O medo pesa. Duplamente. Porque nos impele a viver mas, ao mesmo tempo, impede-nos de viver irreflectida e intensamente.

E esse é o seu paradoxo.

A vida seria muito mais simples se eu fosse burro.