Estava eu a fazer a habitual ronda pelos blogues dos meus correlegionários quando dei com uma interessante reflexão do meu amigo Hugo Alves (alcateialouca.blogs.sapo.pt)
Primeiro pensei ques estivesse a falar de engenharia genética e reprodução assistida ou algo da área, já que estava a falar de "clones".
Como achei que era um tema pouco "huguesco", perseverei na leitura e acabei com as dúvidas: o meu amigo estava a passar uma sentença sobre as questões do crescimento.
Não sei se ele sabia sequer que era de crescimento que se tratava o texto. Acho que ele até suspeitava, já que fez questão de o negar algumas vezes.
Que não, que não era contra a evolução, que não era contra o crescimento, que não era disso. Pois, mas só é.
O meu amigo diz que não percebe porque é que as pessoas que ele conheceu em tempos estão tão diferentes. Que já não as reconhece. E que por causa disso estarão, necessariamente, piores.
Ora essa amigo! Como acontece na maior parte das vezes, tenho de discordar.
Crescer é evoluir, não de uma forma suave e continuada, mas através de rupturas.
Como escrevi num "post" anterior, e que, suspeito, tem as mesmas raízes do texto do meu amigo, "crescer é violar". Todos crescemos à custa do nosso passado. Todos matamos o pai (ou a mãe, como ele diz) para crescer, todos rompemos com a pele antiga para crescer.
É claro que há quem tente manter as coisas inalteradas, mas é como agarrar areia da praia: mais tarde ou mais cedo, ela escorre pelos dedos e as mãos ficam vazias.
Também tenho nostalgia, é óbvio. Até porque, permitam-me a pretensão, já perdi mais do que a maior parte das pessoas. Porque a vida me fez perder, porque me foi roubado ou até porque, pura e simplesmente, abri mão.
O universo é feito de mudança. Nem sequer o tempo ou o espaço são constantes. Como é que alguém pode ter a pretensão de o ser?
Ok, podem tentar, mas correm o risco de parecer inadequados, um pouco ridículos ou pior.
Agora podia dizer que os dinossauros desapareceram porque não evoluíram. Mas a verdade é que sobreviveram: são aves. Reinventar, amigo. Crescer é reinventar, mesmo que à custa do que fomos.
sexta-feira, julho 22, 2005
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2 comentários:
eh pá, estamos a falar do mesmo texto do mesmo Hugo? É que devem lá estar umas frases pelo meio que devem ser perceptíveis só para ti. Pareceu-me apenas um apelo a manter um pouco do original, no que se refere à parte mais inocente e primária que nós temos naturalmente, mesmo quando vamos mudando. Sim porque a mudança é constante, mas se calhar ele referia-se a algumas mudanças que acontecem bruscamente e ninguém entende muito bem o que vai naquelas cabecinhas.
De qualquer maneira, não estou a defender o texto dele. Concordo que vamos mudando e adaptando novas peles, nem todas boas. Não concordo com os clones. Todas aquelas "pessoas" somos nós na mesma, em estado de evolução ou regressão. É aqui que para mim esta discussão se torna interessante.
E já agora um conselho de quem e para quem gosta de carregar na dose de cinismo: prossegue com moderação quando te deitares a escrever sobre os textos dos teus amigos.
Paula
Crescer é reinventar, mesmo que à custa do que fomos... e com isto está tudo dito!
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