Produtividade. Eis um conceito esquisito em Portugal. Esquisito porque tem muitas perspectivas, dependendo do lugar que se ocupa na cadeia socio-laboral.
Os patrões queixam-se que os empregados produzem pouco e por isso não lhes podem pagar muito.
Os empregados dizem que como são mal pagos não têm motivação nem condições para produzir mais
Os sucessivos governos lamentam a pouca produtividade do aparelho económico português, queixam-se que nos faz ficar mal na estatísticas europeias, mas enfim, como cobram impostos proporcionalmente mais elevados do que no resto da Europa, tanto lhes dá.
Uma pescadinha de rabo na boca: não produzimos, não recebemos, não recebemos, não produzimos. Mas, curiosamente, há algumas empresas que florescem no meio do estrume deste país.
As empresas de Comunicação Social são exemplo mais que perfeito deste peculiar silogismo. Aproveitam o excesso de recursos humanos que as universidades fabricam todos os anos (independentemente da qualidade do ensino, que é invariavelmente baixa, e é-o desde o ensino básico), para poderem manobrar os aumentos de forma indecentemente avarenta. Não lhes interessa a qualidade do produto mas o quanto podem lucrar com ele.
É por isso que se vê tanta barbaridade, tanta falta de qualidade. E não falo em nenhum género específico, pois este é um fenómeno transversal que não poupa títulos, nem sequer os ditos "de referência".
Estou farto de palmadinhas nas costas, elogios e promessas. É oficial, estou a planear uma mudança de rumo. Assistente editorial numa famosa casa livreira parece-vos bem, não?
Vamos ver.
quinta-feira, novembro 17, 2005
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
Parece-me muito bem. Porque anos de produtividade intensa sem recolher qualquer benefício disso, cansa, desgasta, causa-nos queda de cabelo e uma insuportável falta de paciência. Mas lamento informar que não foste o único a responder a esse anúncio...:)
Chama-se a isso sete cães a um osso. Eu prefiro a abordagem: por conta própria... vamos ver se resulta!
Não sei bem se devo felicitar-te por teres chegado finalmente a esta brilhante conclusão ou criticar-te por teres demorado tanto tempo a chegar lá. Queres ir respirar outros ares? Pois é, tu e quase toda a gente que eu conheço quer esteja a trabalhar na sua área de "formação" ou não. Estamos a falar de um problema estrutural do país e tenho a horrível sensação que nem no tempo dos nossos netos isto vai melhorar. Aposto na produtividade possível. É justo, não?
Paula
Pois...tenho de vos desiludir: não cheguei a enviar o currículo. Vou insistir mais um pouco, afinal, demorei muito tempo a conquistar um certo estatuto e seria estupidez deitar tudo a perder por causa de um momento de irritação.
Enviar um comentário