O dia nasceu chuvoso, talvez para limpar a merda que atingiu as nortenhas Gondomar, Felgueiras e a solarenga Oeiras. Em dias como este, acordo com a declarada esperança que a água que cai em barda seja suficiente. Mas nunca é.
Da madeira e ar das colunas da aparelhagem, a guitarra de Jack Johnson materializa-se e deambula sem destino pelas paredes do apartamento, colorindo-as de azul marinho.
Saio da janela e troco a água que cai lá fora pela água quente do chuveiro. Respiro o vapor e o cheiro a lençóis mornos que abandona de mansinho a minha pele.
Pequeno-almoço tomado, hora higiénica no ginásio cumprida e preparo a saída: tiro as peças da armadura têxtil com que vou atacar o dragão quotidiano, recolho as chaves de casa, as chaves do carro, o comando da garagem, o telemóvel, a caneta, os óculos escuros...a parafernália de objectos com que tenho de me armar e saio para a batalha. Para a chuva que não vai limpar tanto esterco.
Já perto do trabalho, o habitual exame dos jornais revela que tudo está na mesma no país. Tudo na mesma na Frente Oriental. E a Leste do Paraíso também.
segunda-feira, outubro 10, 2005
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4 comentários:
Há dias vi um mail que me deixou a pensar mais que uns segundos: a Felgueiras balda-se dois anos para o Brasil, volta mais nova e resplandecente, a queixar-se do tratamento policial a que foi sujeita no aeroporto e ganha a Câmara sem luta; tens um candidato a presidente da república com 81 anos; o treinador da selecção é brasileiro e o disco de autores portugueses mais vendido é com músicas e letras de um tipo que já morreu à quinze anos. Dá uma perspectiva do nosso Portugal?
perdão... há quinze anos...
Bem, não misturemos as águas: O presidente com 81 anos não me repugnaria se não fosse a gritante falta de ideias. E mesmo assim agrada-me mais que o Salazar de Boliqueime. Sobre o gajo que morreu há quinze anos, bem, o Pessoa morreu há bem mais tempo que isso. É essa a perenidade que distingue os génios daqueles que hoje são os maiores e daqui a seis meses já ninguém sabe quem é.
Quanto à Felgueiras, bem, aí...'touché', as coisas não mudam muito. Cheira a fim de regime, o problema é que para o mudar tínhamos que ir a Bruxelas e a Frankfurt levar a revolução.
Perdão...quem são.
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