Aproveitando as minhas ainda recentes incursões nos desportos aquáticos, quero dizer aos meus amigos que vou entrar nesta onda: hospitais.
Infelizmente, o meu conhecimento dos hospitais públicos deste país já tem anos. Não por minha causa, que graças aos céus tenho uma saúde de ferro, mas por causa do meu pai.
Os muitos problemas de saúde de que padecia forçaram-me a longas noites nas salas de espera do Curry Cabral. Para não falar nas visitas semanais, sempre acompanhado da minha avó octogenária. E, digo-vos, eram experiências inolvidáveis.
Um hospital não é, não pode ser, um sítio agradável. Mas não acredito que a Ocidente dol Bangladesh e a Norte do Sudão existam hospitais tão maus como os portugueses.
Como passaram alguns anos desde aqueles tempos, e o meu pai já está muito além dos hospitais, cheguei a pensar que as coisas tivessem melhorado. Mas eis que uma ameaça de AVC da minha avó me levaram mais uma vez à sala de espera das urgências do Curry Cabral. A primeira impressão foi de que tudo, afinal, estava melhor. A senhora foi rapidamente atendida e o problema despistado. O pior foi que teve de ser submetida a uns exames.
Para encurtar uma história agoniadamente longa, resumo: estivemos quatro horas à espera da senhora porque a médica que a observou se esqueceu de passar os impressos para uma colheita de sangue. Assim, enquanto a velhota esteve numa maca num corredor, assustada e desorientada, e eu estava na sala de espera, a senhora médica, acompannhada de alguns colegas, conversava e fumava à espera que o tempo do turno se esgotasse. Pois, porque a noite era tranquila e o movimento era escasso. E por isso estivemos QUATRO HORAS depois da primeira observação, à espera de nada. No final, ao constatarem o erro grosseiro, o chefe do serviço disse que afinal as análises não eram necessárias e podíamos ir para casa.
Em suma: quatro horas, QUATRO! para nada.
E o pior é que todos os portugueses têm, pelo menos, uma história destas. Pois é, o país está doente. Terminal. E neste caso sou pela eutanásia.
PS: Segundo um estudo do Banco Central Europeu, e se o actual ritmo de crescimento se mantiver, em 2025 a Espanha será o país mais desenvolvido da Europa, à frente da Alemanha, França ou Inglaterra. Pois é, se ao menos o Afonso Henriques não tivesse espancado a mãe...
terça-feira, agosto 23, 2005
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3 comentários:
...se...se...se... se assim fosse estariamos todos a falar espanhol, o que seria uam treta, mas os centrso de saúde não fechariam ás oito da noite e os hospitais funcionariam como deve ser...
Ok quero ser espanhol
Parece que esta semana não houve hospital que se safasse. Já estive bem mais longe de desejar uma invasão real dos espanhóis, para tirar este país do marasmo em que mergulhou. Mas no estado em que estamos acho que os espanhóis é que ficavam a perder se nos invadissem.
Paula
olá,
vou comentar o teu texto à velha maneira portuguesa: apesar dos hospitais de facto serem um lixo o importante é que a tua avó esteja bem... e digo-te isto de coração porque infelizmente já tive experiências em hospitais (públicos, privados e a fins...) bem mais terréficas do que a que descreveste... beijinhos grds e as melhoras da tua avó.
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