Adoro lugares-comuns. Existe uma sabedoria comprovada naquelas expressões nascidas já não se sabe onde mas que à força de repetição parecem pulular por todo o lado até à quase omnipresença. Como jornalista que trabalha num diário desportivo, tropeço em pérolas destas todos os dias pelo que de tanto as repudiar acabei por lhes ganhar um estranho afecto. Mas é uma relação enquinada, um pouco à imagem do que se diz de algumas mulheres: brincamos com elas até se nos colarem. As mulheres são sempre uma boa analogia. Para tudo. Seres tão maravilhosos e complexos que até nos esquecemos que são da mesma espécie biológica. Mas serão mesmo? Quanto mais as conheço mais duvido. Mas no final só dá vontade de fazer rolar outro lugar-comum: não se pode viver com elas mas também não se consegue viver sem elas.
Na minha vida conheci dois grandes ramos dessa fabulosa família de belos mamíferos bípedes tão semelhantes ao homem: as mulheres que nos amam e as que nós amamos. Para mim, a grande diferença entre as duas famílias é o movimento. As primeiras precisaram sempre de uma força externa (eu) que lhes imprima a energia necessária para que saiam da minha vida; as segundas, animadas de uma presença de espírito invulgar vão sempre pelo seu próprio pé, em velocidades variáveis mas com destino inexoravelmente definido e definitivo. Por vezes penso se não será por elas saírem que as amo. O amor pela perda e pelo irreversível é tão lugar-comum e, ao fim ao cabo, tão português.
terça-feira, junho 08, 2004
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