quinta-feira, outubro 20, 2005

Sabe bem

Se existisse um "ranking" de profissões ingratas, o jornalismo figuraria de certeza entre as primeiras cinco, sendo que nem me passa pela cabeça quais seriam as outras quatro. Não vou sequer falar dos salários que por aí se pagam (prometi que não ia escrever obscenidades neste espaço sagrado de reflexão), não, vou antes concentrar-me no difícil equilibrismo a que nos obriga esta profissão que não poucas vezes é caracterizada como missão. Missão no sentido religioso mas por vezes também militar.

Encontrar a verdade e publicá-la equilibrando valores como o respeito pela privacidade e o legítimo interesse público é cada vez mais difícil, e há até uma indústria montada na promiscuidade entre a esfera pública e a privada. Mas, enfim...ao contrário do que li há uns tempos, nem todo o jornalismo "é a mesma merda". Há jornalismo e há outras coisas. E se existe a tentação de distinguir o trigo do joio a partir dos títulos, deve dizer-se que a maior diferença faz-se pelos nomes de quem assina e não pela instituição que lhes paga o ordenado. Enfim, há bons jornalistas, há maus jornalistas e há escribas que não são nem uma coisa nem
outra.

"But I digress", o que eu queria mesmo falar era de outra coisa, de outro problema bem mais corriqueiro, mas que penaliza bastante gajos inseguros como eu: a falta de reconhecimento. Nos meus primeiros dias a trabalhar para um diário de divulgação nacional, uma das lições que imediatamente aprendi resumia-se a uma frase muitas vezes repetida: "Não te preocupes se não te disserem nada acerca do teu trabalho, é sinal que estava bom; porque se estivesse mau, então sim, vinham falar contigo."

E assim estive perdido durante alguns anos. De vez em quando recebi alguns elogios, alguns recados de senhores que apesar de não conhecer pessoalmente sabia que teriam importância. Contam-se pelos dedos de uma mão: o dia em que João Marcelino "gostou muito" de um dos meus primeiros trabalhos como enviado especial, um trabalhito modesto nas competições europeias de basquetebol em Valencia. Um elogio que me ficou na memória pelo que significou na minha então embrionária carreira. Já na altura o agora todo-poderoso director do "Correio da Manhã" e director-editorial da "Sábado" era pouco menos que Deus no meu jornal e a sua palavra transformou-me de estagiário despassarado em "jovem promessa". Um estatuto que teimou em permanecer apenso ao meu nome apesar de cada vez menos jovem...

E depois veio a DEZ. Mais que uma revista, um espaço de análise, de comentário e, sobretudo, reportagem, a minha menina dos olhos. Cresci muito neste último ano e meio a trabalhar com uma equipa fantástica. Privar com alguns dos melhores jornalistas desportivos do país e mesmo com aquele que considero o melhor (António Tadeia), permitiu-me crescer e assumir a promessa com que me haviam ungido. Embora o diga sem falsas modéstias que nesta profissão nunca se sabe tudo. Será assim em muitas actividades, mas nesta mais que em nenhuma outra.

Mas sim, no meio disto tudo, sempre a trabalhar e sempre sem reconhecimento, sempre sem a confiança que um crónico inseguro como eu padece, todos os diasa provar que sou bom. A mim e ao mundo. Em cada palavra, em cada parágrafo, em cada vírgula, o jogo entre uma carreira e a prateleira. Não é por nada que há tantos profissionais desta área em consultas na Av. do Brasil...

Uma luta inglória mas que, de vez a vez, tem descanso: quando acabamos um trabalho ou quando ligamos para um conhecido comentador e recebemos do outro lado um "Eh pá, li um seu trabalho muito bom no outro dia. Geralmente nem reparo em quem assina mas neste caso até voltei ao início para ver quem era. Muito bom, sinceramente."

Pois é, às vezes esquecemos os maus salários, as muitas horas e tudo o resto. Porque há dias assim. Sabe bem.

segunda-feira, outubro 10, 2005

Chuva na Frente Oriental

O dia nasceu chuvoso, talvez para limpar a merda que atingiu as nortenhas Gondomar, Felgueiras e a solarenga Oeiras. Em dias como este, acordo com a declarada esperança que a água que cai em barda seja suficiente. Mas nunca é.

Da madeira e ar das colunas da aparelhagem, a guitarra de Jack Johnson materializa-se e deambula sem destino pelas paredes do apartamento, colorindo-as de azul marinho.

Saio da janela e troco a água que cai lá fora pela água quente do chuveiro. Respiro o vapor e o cheiro a lençóis mornos que abandona de mansinho a minha pele.

Pequeno-almoço tomado, hora higiénica no ginásio cumprida e preparo a saída: tiro as peças da armadura têxtil com que vou atacar o dragão quotidiano, recolho as chaves de casa, as chaves do carro, o comando da garagem, o telemóvel, a caneta, os óculos escuros...a parafernália de objectos com que tenho de me armar e saio para a batalha. Para a chuva que não vai limpar tanto esterco.

Já perto do trabalho, o habitual exame dos jornais revela que tudo está na mesma no país. Tudo na mesma na Frente Oriental. E a Leste do Paraíso também.



quinta-feira, outubro 06, 2005

Bob Dylan...sempre actual

Come you masters of war
You that build all the guns
You that build the death planes
You that build the big bombs
You that hide behind walls
You that hide behind desks
I just want you to know
I can see through your masks

You that never done nothin'
But build to destroy
You play with my world
Like it's your little toy
You put a gun in my hand
And you hide from my eyes
And you turn and run farther
When the fast bullets fly

Like Judas of old
You lie and deceive
A world war can be won
You want me to believe
But I see through your eyes
And I see through your brain
Like I see through the water
That runs down my drain

You fasten the triggers
For the others to fire
Then you set back and watch
When the death count gets higher
You hide in your mansion
As young people's blood
Flows out of their bodies
And is buried in the mud

You've thrown the worst fear
That can ever be hurled
Fear to bring children
Into the world
For threatening my baby
Unborn and unnamed
You ain't worth the blood
That runs in your veins

How much do I know
To talk out of turn
You might say that I'm young
You might say I'm unlearned
But there's one thing I know
Though I'm younger than you
Even Jesus would never
Forgive what you do

Let me ask you one question
Is your money that good
Will it buy you forgiveness
Do you think that it could
I think you will find
When your death takes its toll
All the money you made
Will never buy back your soul

And I hope that you die
And your death'll come soon
I will follow your casket
In the pale afternoon
And I'll watch while you're lowered
Down to your deathbed
And I'll stand o'er your grave
'Til I'm sure that you're dead

terça-feira, outubro 04, 2005

Piadinha

Um adepto do Porto chega a uma loja de material desportivo e depara-se com uma infinidade de camisolas de clubes de futebol. Só não via a do seu clube.
Meio sem graça, pergunta ao vendedor:
- Quanto custa a camisola do Real Madrid?
- 50 EUR
- E a do Chelsea?
- Essa custa 75 EUR
- E a do Benfica?
- Oh meu amigo... Essa é a mais cara da loja por se tratar do melhor clube do Mundo, e custa 100EUR.
Aí, o pobre arrisca:
- Você não tem aí a do Porto?
- Tenho sim. Está do outro lado, na prateleira das liquidações e custa 9,50 EUR.
- Pooo!!! Só 9,50 Euros!!!!!!
- É promoção para queima de stock, essas porcarias não se vendem...
- Então dê-me uma - estendendo uma nota de 10 Euros.
O vendedor vai então à caixa registadora, coça a cabeça e meio atrapalhado pergunta:
- Desculpe, mas eu estou sem troco. Quer levar uma camisola do Sporting para completar os 10 Euros?